sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Pra todo começo tem um fim

Então é isso.
Já faz um tempo que comecei a pensar em como terminar o blog.
Primeiro pensei em fazer um recap pra, juntos, analisarmos se todos os objetivos foram cumpridos. Dar uma nota, porque não, né?
Daí pensei que um outro jeito bacana seria amarrar todas as informações e dar uma conclusão pra tanto texto desconexo.
Podia tentar criar uma lista budista com um resuminho, em bullet points, do que foram os 4 meses.
Tem também a opção de deixar aberto, tipo você decide o final.


Mas sei lá. 
Mais uma vez, nada do que eu escrever aqui, de verdade, vai ser o suficiente pra contar o que eu tô sentindo nesse último dia. Nenhuma piadinha vai ser sem graça o suficiente para um perfect grand finale pro blog.


Do lado não-digital, aqui em carne e osso no frio londrino, eu tenho que dizer que hoje começa uma nova etapa da minha vida. Não acho que sou outra pessoa e nem tenho uma nova vida, mas jamais vou conseguir encarar meus dias como o fiz até então. Não me tiro nunca mais do primeiro lugar da minha vida e não troco nunca mais minha própria felicidade por nada, absolutamente nada. 
Não consegui resolver minhas dúvidas e, pasmem, vou estar voltando com novas, divertidas e desafiadoras dúvidas. 
Morro de saudades da minha família e dos meus amigos.
Nunca vou esquecer os dias que vivi aqui e as pessoas com quem dividi tanta felicidade.


No que diz respeito ao meu eu virtual, esse infelizmente é um fim.
O Cabine Vermelha cumpriu com seus objetivos, mesmo que esses nunca tenham sido tão claros pra mim (e tenho certeza que pra quem leu também não foi nada claro). Aliás, não ter objetivos era minha única obrigação para com ele. 
Quem sabe ele possa servir como uma fontezinha de dicas de viagem pra quem vier a Londres.
Ou então um manifesto a favor da realização dos nossos sonhos enquanto temos tempo.
Pode ser também, porque não, um peloamordedeeeeeeeusgente, a vida é muito curta e não dá pra gastar nosso tempo escolhendo sermos infelizes. 
2012 tá aí, né? E já que esse é um começo, que seja lindo e verdadeiramente feliz pra todos nós.


Fim





quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Obrigadas!

Esses são meus últimos dias em Londres e seria mais do que injusto do meu ser terminar o blog e toda essa experiência sem antes agradecer aqueles que foram fundamentais por tornar esses 4 meses os mais especiais da minha vida.
E eu tenho certeza que nada do que eu escrever aqui vai ser o suficiente pra agradecer eles, os brasileiros que eu supostamente deveria ter fugido pra bem longe.
Uma reflexão: eu entendo aquelas pessoas (formando 100% dos meus amigos/família) que me disseram pra evitar os brasileiros e o português, mas peço desculpas por desapontá-los, pois esse foi o conselho menos seguido e mais chato que eu recebi. 
Sem eles eu não teria nenhuma história pra contar e sem eles eu não teria esse tanto de felicidade transbordando na alma. 
Fica aqui, então.
Obrigada, Soulmi
Por ser o melhor contador de histórias.
Por ter me ensinado a falar Leicester e por cantar comigo em todo e qualquer lugar.
Por ter me feito doer de tanto rir (em 100% do tempo juntos) e por me seguir nas coreografias vergonhosas.
Pelos abraços apertados e por segurar minha mão quando tenho medo ou quando a gente quer chorar de emoção.
Pelas nossas conversas oversharing e por me fazer sair debaixo da coberta, no frio, só pra dar um pouco mais de risada.
Pela promessa do 1/11 que foi cumprida de coração pra coração.
Por me fazer acreditar nos sonhos e na realização deles.


Obrigada, Dani
Pelo carinho instantâneo e pela amizade que é pra sempre. 
Por alimentar meu amor por caveiras e pela doçura que eu nunca conheci igual.
Pelas mensagens fofas.
Por me fazer amar o east.
Pela caravana querida e pelas lojas mais legais que conheci aqui.
Pelos conselhos e por me acompanhar no medo de montanha-russa.
Por todas as dicas que viraram meus lugares preferidos na cidade. 
Por ser um dos motivos que me faz querer voltar pra Londres as soon as possible.


Obrigada, Raul
Por me segurar igual saco-de-batata e por me fazer rir nas horas menos engraçadas.
Pela paciência sem igual e por me incentivar EE dividir comigo minha alucinação e visitas diárias ao Freddie.
Por nunca, nunca cansar e por amar o 74.
Pelas broncas e pelas comilanças.
Por gostar do random do meu ipod, mesmo quando ele só toca 3 músicas. E por sempre aumentar o volume.
Por estar sempre por perto e aguentar minha tristeza dos últimos dias. Por me dar forças pra ir embora e arrumar minhas malas.
Por ter dividido as paisagens mais bonitas.


Obrigada, Pri.
Pelo pé que me serviu de travesseiro no pânico.
Pela terça-feira nossa de cada semana.
Por ter me oferecido abrigo e por ser a melhor anfitriã da tchurma.
Pelo pouco, mas divertidíssimo tempo juntas.


Kivia, obrigada pela participação especial no Cabinão, pelas histórias mais engraçadas do mundo, pela introdução à Cider, pela herança do amor ao busão, pelas dicas do começo e por ter certeza que ainda temos muitas pints pra dividir no Brasil.


Cami, obrigada por ser a família mais perto e por me ensinar alemão em Berlim (parece que faz tanto tempo!!). 


Fê e Bruno, obrigada por dividirem as férias comigo, pelas risadas sem fim, pelas frases eternizadas, pela balada mais divertida da história e por aumentar ainda mais meu amor por Berlim. 
I love it and I will love you my card.


Jussbilee, obrigada por ter sido a primeira a me incentivar a vir pra cá e por ter me ajudado a escolher os cursos. Por me deixar te mostrar minha Londres, por me ensinar a usar roupa de homem e por me tornar uma viciada em botões. Pelos nossos tours de doer o pé e pelo colar lindo. 


Helen, thanks for sharing your place and life with me. For never give up to talking even when I was tired. For making me saying Camden as a british. For looooong talks and looooong walks. For giving me clues, never answers. For giving me private gigs every day. 


Ai, que dor!


E por último, mas não em último, muuuito obrigada a todos que acompanharam o blog e tiveram paciência de me ler. Foi sempre muito bom saber que tinha gente aí do outro lado.
Muito obrigada pelos comentários, mensagens e emails fofos! Quero ver quem vai me aguentar contando tudo de novo, mas ao vivo...

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Morando no estrangeiro, por Mario

Por que que a gente muda de país? Por que que adora essa brincadeira de experiência de vida?

Vamos às respostas:
1. Você muda de país pra sair da casa dos pais e se sentir livre um pouco.
Forget it! Você vai ter que morar com outras pessoas só que não vai poder berrar nem se sentir em casa.

2. Você muda de país pra se livrar um pouco da superproteção dos seus pais e da necessidade de dar satisfação de todos os passos.
Forget it! Mesmo brigando muito (o que é horroroso quando se está longe), eles vão continuar fazendo as mesmíssimas coisas. Com a diferença que, nas discussões, ao invés de brigar de volta, eles vão chorar e você vai se sentir um merda.

3. Você muda de país porque odeia seu trabalho e a vidinha que tá levando.
Forget it! Você vai ter que trabalhar com outras coisas que odeia mais ainda e vai parar de acrescentar coisas no seu cérebro.

4. Você muda de país porque precisa dar um up na auto-estima e nada como um lugar novo.
Forget it! Se você não tem auto-estima na sua hometown, num lugar em que não falam a sua língua, onde você struggle pra ser minimamente interessante e onde as CNTP só te fodem, you’ll die alone!

5. Você muda de país porque, já que não aguenta mais se sentir tão sozinho, vai fazer disso um ponto a favor no lance todo da mudança.
Forget it! Privacidade é um conceito ultrapassado aqui (por mais que eles queiram maquiar isso com o cold behaviour deles). Você divide quarto, você divide banheiro, você divide televisão, divide até a porra da mesa do Mc Donald’s.

Levando tudo isso em consideração, vão aqui uns bons conselhos:
- mude pra realizar um sonho
- mude pra aprender uma língua nova in loco
- mude pra tomar banho de cultura
- mude pra ter sim liberdade, depois que se aprende a falar uns nãos e a desligar a internet
- mude pra aprender a dar valor a um monte de coisa: desde dinheiro até saudade de mãe
- mude pra morrer de saudade do seu cachorro e entender que você só fica sozinho se quiser
- mude pra beber às 3h da tarde
- mude pra andar sem rumo
- mude pra aprender a se desligar. It sucks! You’re gonna love it.

Comendo em inglês, por Raul

Vou comer bem la?
-Se você adorar Fish and Chips... acho mesmo que dessa vez você vai emagrecer!
-UHU!
Esse foi a conversa preparatória que tive com amigos bem mais viajados que eu (que até então no estrangeiro, só tinha provado churrasco argentino de hotel), e foi com esse pensamento que aterrizei na terra da tal Rainha preparado para comer muito fish and chips acompanhados das tais pints, as cervejas exageradamentes gigantes.
Depois de um primeiro dia de caminhada intensa e “boquiabértica”, lembrei lá pelo final do dia que não tinha comido nada, apenas olhado e babado com a minha primeira experiência internacional. Então, sem pestanejar, dei pisca e entrei no primeiro off-license (indiano), que vi e escolhi um salgado folheado de frango com mushrooms e por incrível que pareça estava muito dos saborosos. Bom, aí tu me perguntas, why the hell você me parou num off-license para comer? E lhe respondo com um sorriso maroto no canto da boca: Porque nao queria estragar o apetite para algo que tinha visto logo quando desembarquei no centro de Londres: NOODLES! Na volta para casa, comprei um copão (sim, copão) de um delicioso noodles com frango, curry e mushrooms e fiz igual a homens de terno, mulheres arrumadas, punks, alternativos, crianças de uniforme, velhos e afins: sentei na calçada e mandei ver!
Tem um motivo bem claro para eu narrar a minha primeira experiência gastronômica em Londres, eu preciso pontuá-los do apreço que os ingleses têm por comida e pela incrível e invejável falta de frescura, pois aqui come-se de tudo e em qualquer lugar, na rua, na chuva, na fazenda… ops heh, e inclusive no tube. Sem que ninguém reclame ou olhe atrevessado por contaminar o ar com cheiro de tempero delicioso.
Depois de abrir o meu chacras gastronômico, estava preparado para realizar o tour por tipos diferentes de comida que meus amigos fariam comigo. E fizemos.

Começou com comida Indiana em Brick Lane, a Rua Augusta dos rests Indianos. Laçadores de restaurante te caçam na rua oferencendo free drinks and starters, te seduzindo a entrar em seu estabelecimento (muito parecido com o que acontece com outro tipo de refeição na Augusta, rs). Nessa onda, nos deixamos levar por um que, não sabemos até hoje como, disse: “Brasileiros, venham aqui!”. Num português do Apu dos Simpsons. E lá provei o segundo prato típico da Inglaterra: Chicken Tika Massala. Agora pare e leia com atenção: pense num prato gostoso… em pedaços de peito de frango frito e depois cozido, mergulhados em um molho cremoso de curry, gengibre, tomate e especiarias, com muito arroz…. desculpem o termo, mas PQP! Pra acompanhar toma-se a cerveja mais popular da Índia, e que vai perfeito com comida picante, a tal Cobra. Como diz alguém especial: de comer de joelhos!! (Índia check!)
Depois disso fomos a restaurantes italianos, gregos, thailandeses, vietnamitas, franceses e até chegar no que pra mim é o preferido master do mundo: comida turca… viva o La machum! (aguarde cenas do próximo capítulo)
Voltando ao trilho: de comida italiana, pode-se comer qualquer coisa que lhe é oferecida simplesmente porque é tudo muito bom! Mas recomendo os pratos de massa com camarão, vôngole e lagosta, mais uma vez, ajoelha-se e come rezando! Os molhos são umas coisas absurdas, texturas que eu nunca consegui fazer…e olha que venho treinando muito.
Gregos: essa foi uma agradável surpresa, pois pensava de verdade que a comida grega se resumia a lamb e vegetais, e não foge muito disso. Mas o negócio está no preparo… pelamor. Mussaka é o prato mais conhecido e para mim o mais gostoso. O tal tipo de “lasanha” grega com berinjela, carne de carneiro e queijo, tudo isso marinado é realmente muito bom e come-se tomando um bom vinho branco grego ou as usual, pints não muito fortes.

Thailandia e Vietnan: a culinária de nossos amigos de olhos fechados, pero no mucho, é muito saborora. Tem aquele toque de curry como a Indiana, mas com um tempero diferente. Come-se muito camarão cozinho e pato em um caldo parecido com uma sopa ou com noodles ou com arroz. Olha, muito bom e picante... esse povo guenta uma pimenta, viu? Recomendo dormindo!!
Agora o que pra mim é o best of all, em termos de culinária internacional: rangaria turca. O dia em que fomos ao restaurante turco em Dalston (chamado Tava), comi a carne de carneiro mais saborosa que já provei em meus humildes 30 anos. Começamos comendo La Ma Chum, uma pizza fininha  com carneiro ralado e temperos, depois uns mini bifes de carneiro fritos com pão sírio e pra fechar meat balls de carneiro mergulhados em molho de tomate absurdo, marinado e com molho de iogurte pra acompanhar. Olha, juro, quando falo desse prato fico com muita água na boca, incrível. No dia seguinte a essa refeição, acordei com saudade.
Bom, passamos pelas nacionalidades e agora vamos aos lugares pitorescos de Londres, onde come-se na rua ou não, mas dos muito felizes!

Não come-se na rua:
> Jamie’s Italian 
O restaurante italiano do Mr Jamie Oliver é simplesmente duca! Ambiente agradável, preços honestíssimos, porções generosas e a comida é de bater palmas ao fim do deguste. Sugestão: linguini with prawns ou risotto de azeite trufado, polenta chips pra acompanhar.

> Maggie Jones’s
Meio francês, meio espanhol, mas 100% bom! Recomendo mesmo a sopa de cebola… uh la la!!!
Come-se na rua:
> Borough market: almoços das quintas e sextas londrinas. Agora desapeguem e imaginem o mercadão de SP, agora com um 1/5 do tamanho e adicionem 456 vezes mais charme, pronto! Você esta no Borough Market! Nesses meses de Londres, posso dizer que uma certa tradição foi criada: comer na sarjeta na frente da igreja e feliz, mas comer o quê? Ah fácil! Nhoque italiano caseiro com molho vermelho ou pesto. Tortas vegetarianas recheadas com misselânea de legumes e verduras, o tão famoso sanduíche de salame, suco de frutas natural e uma garrafa de vinho branco sul africano só pra dar aquele gostinho de sofisticação européia, rs! De sobremesa, doces árabes... o laia viu!

> Broadoway Market em Hackeny: lá é fácil explicar o que rola. Risoto de wild mushrooms, com azeite trufado e brownie sem nuts de sobremesa, tudo isso na beira do canal. O dia em que comi isso pela primeira vez, o que aconteceu há pouco, percebi o quanto iria sentir falta dessa terra. Simplemesmente delicioso.

> Comidas prontas da M&S: se você quer fazer aquele piquenique maneiro, com alguém especial, amigos ou até aquela reunião descontraída de trabalho no parque, recomendo uma passadinha lá pra poder ver sobre o que estou hablando.

> Ben’s Cookies: pra quem gosta de uma lariquinha doce, recomendo esses cookies – chocolate com laranja. Uhu!!

Queria poder ter verba pra escrever um livro sobre, mas como é praticamente impossível lembrar de tudo, acredito que a lista acima funcione como pontapé inicial para uma verdadeira experiência gastronômica em Londres. Logicamente que dentro dos meus padrões de gusto!
Só preciso dizer uma coisa antes de partir. Este lugar me fez perceber o quanto eu amo cozinhar, a enorme variedade de ingredientes e temperos só me faz perceber que é muito bom sair e comer em lugares legais e diferentes, mas que é absurdamente ótimo fazer a sua comida e melhor ainda se tem gente pra comer gostando. Um salve a manufatura!!

Sorte na sorte sorte sorte sempre!
Raul Lemos

Links bem úteis:
Wak to Walk (Noodles em Picaddilly)
Pho (Vietnamite Restaurant)
Tava (Turkish Food)

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

I heart Londres - parte 2

Faltando 92 horas pra despachar minhas 2 malas e meia pra Guarulhos, decidi terminar a série de 1 post sobre o que mais amo nessa cidade que SIIIIIIIIIMMMM, é agora a minha preferida no mundo.
Musiquinha do Senna, bandeirada e Londres paaaaaassa Berlim : )


Na verdade acho que não tive grandes novidades desde o primeiro post sobre o assunto, mas vamos lá.


- Piqueniques e mais piqueniques com queijo brie, vinho da melhor categoria, azeitonas e pão com manteiga (pra manter o pé no chão)
- O cara que faz beatbox no Broadway Market
- Fazer shhhhh pros amigos enquanto assistimos (torcendo desesperadamente) a eliminação do X-Factor
- Rodízio brasileiro com direito a "One more Picanha, plis"
- As comidas semi-prontas do Super que me fazem achar que eu sei cozinhar
- Ter Bath a 1h30 de distância
- Andar por Bath
- Comer em Bath
- Pegar o onibusinho de turista-loser em Bath
- A Zara de Bath
- As comidas de Bath
- As gramas de Bath
- O céu de Bath
- O jardim patriota de Bath
- Emiliano, o tatuador mais legal de Londres
- Ter um mini-treco toda vez que vir um manicure homem pelas janelas dos salões de beleza
- Assistir We Will Rock You na última fileira pra poder dançar e cantar enquanto a velharada, sentada, bate palma fora do ritmo
- Noodles de Piccadilly
- Noodles de Tottenham Court Road
- Noodles de Shepherd's Bush
- Noodles da High Street Kensington
- Noodles de Bristol
- Os brechós cheirosos do east
- Bulmers
- As mulheres desencanadas que, com o papel alumínio no cabelo enquanto a tinta faz efeito, vão fumar na calçada do salão de beleza
- Macchiato com 8 saquinhos de açúcar
- Cantar músicas brasileiras do verão 1995 pra ver se o frio vai embora
- As árvores ton sur ton do outono londrino
- Ter Stonehenge há 1 hora
- Pôr do sol em Stonehenge
- Respirar o ar de Stonehenge
- Não sentir nada diferente em Stonehenge
- Contar pra todo mundo que a energia de Stonehenge é incrível
- Passar horas arrumando teorias pra o que-diabos é Stonehenge
- Dirigir do lado direito, bater 1 vez o espelhinho e subir só uma vez na calçada
- O ônibus 328
- Alinhar o relógio com o Big Ben
- Descobrir que os gaps do mind the gap só se formam quando a estação é em curva
- Mercado de flores da Columbia Road com rosas azuis
- London Eye a noite com cabine exclusiva pros amigos 
- Pagar 1 pound pra ouvir música boa
- Pagar nada pra ouvir música ruim, mas se divertir horrores
- Jóias da coroa na Torre de Londres, com direito a passar mal com o maior diamante do mundo
- Atravessar a Abbey Road sem ser atropelada
- Amar a água de Londres que tanto bem fez pro meu cabelo
- Ser vizinha do Freddie e deixar, todo dia, uma mensagem de amor ou um desenho dele de bigodinho na calçada em frente ao Garden Lodge
- Voltar pro Brasil antes que o frio comece a cortar a alma


... é frustrante, porque nada na-da do que eu escrever aqui (aliás, nada do que eu escrevi no blog) vai ser suficiente pra descrever o que eu sinto por essa cidade.


Um obrigada especial ao Raul que me ajudou a escrever esse post e, tirando a parte mais menininha da história, também divide alguns desses amores por Londres.
Brigada, Zé.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A meditação da gentileza

Eu podia ficar horas aqui contando da tristeza que eu tô sentindo esses dias. De como vai ser (e já tá sendo) difícil ir embora daqui e, de certa forma, deixar tanta coisa incrível pra trás.
Mas sei lá, não tem porquê dividir isso. Talvez eu vomite tudo no derradeiro post (que aliás, só de pensar, eu choro).
Hoje foi minha última aula do curso de budismo e, apesar de eu não ter meditado porcaria-nenhuma, foi um dos dias mais especiais que vivi aqui. 
Conversei com meu professor sobre essa dificuldade de passar pra frente o que eu aprendi no curso e ele disse que eu nem deveria tentar. Que o budismo tem a ver com nossa própria experiência, não existe regra ou cartilha. É pegar os ensinamentos do gordinho simpático e interpretá-los da sua maneira (e pra ser muito sincera, tem muita coisa - muita mesmo - que eu não entendi ainda).
Enfim, aqui vai a última tentativa de explicar porque tudo isso mudou minha vida de um jeito lindo-de-se-ver.
Hoje aprendemos a Kindly Awareness Meditation.
Ela começa com tudo aquilo que eu já ensinei pra vocês (ahahahaha, sempre quis escrever isso) - vai sentindo atrás do olho, o cucuruto, o peito, a perna cheia de formigação e etc. Daí, já em estado de concentração (ou fingindo concentração no meu caso), começa a Kindly Awareness Meditation pra valer. São 5 estágios.
O primeiro estágio é você com você mesmo: estar consciente do seu estado de ser-humano, da sua conexão com a Terra (que, depois de uns 40 minutos sentado, já é bastante dolorida) das sensações da respiração (pode parecer imbecil, mas é bem legal prestar atenção no caminho do arzinho), de como se sentir feliz no aqui e agora.


O segundo estágio é entre você e um amigo querido: trazer o amigo para a prática, imaginando ele respirando (tanta coisa legal pra fazer com o amigo... mas é isso mesmo, respira) enquanto o visualiza na sua experiência de felicidade.
Enquanto pensa nessa pessoa, desejar que ele(a) esteja feliz, bem, livre de sofrimento e que tenha encontrado a paz. 


O terceiro estágio é entre você e um desconhecido (alguém por quem você não tenha sentimentos/conexões, mas que já tenha visto na vida). Nessa fase a gente tem que notar os tipos de sensações que aparecem, mesmo que for indiferença. Prestar atenção se fazemos algum tipo de pré-julgamento. E, assim como com o amigo, desejar que ele(a) esteja feliz, bem, livre de sofrimento e que tenha encontrado a paz.
E foi aqui que perdi a pouca concentração que me tinha sobrado. Foi difícil pensar em um desconhecido, mas a primeira pessoa que me veio na cabeça foi uma velhinha que conheci numa estação de trem na França (se não me engano) em 2009. Lembro que ela estava com uma baita ferida na perna e eu perguntei se ela precisava de ajuda. Acho que ela ficou feliz com a minha preocupação tão rara entre europeus e começou a me contar que o marido dela tinha ido pra guerra, que ela tinha perdido um monte de coisa e um monte de gente. Não sei exatamente porquê, mas eu nunca esqueci dela. Daí entrei na depressão (que mais tarde vim a entender que essa é sim uma experiência budista) de pensar no tanto de gente que conheci aqui e que com certeza eu nunca mais vou ver na vida. Do quanto eu não devo ter dado a devida atenção quando tive chance. Do tanto que deixei de conhecer de verdade essas pessoas. Mas, por outro lado, do tanto que elas contribuíram com a minha experiência aqui, cada um do seu jeito. A gente não devia jamais dar pouco caso pra quem, a primeira vista, não tem muito o que dizer. Jamais. Essas trocas são das coisas mais valiosas que temos e podemos viver. Pois sim.


O quarto estágio é entre você e alguém difícil (alguém que você não goste ou esteja tendo problemas): ui, né? Mas ó, se um dia vocês acreditaram no que eu escrevo aqui, acreditem uma última vez: que coisa mais libertadora de se fazer!!! Trazer essa pessoa para sua prática de felicidade, deixando de lado as diferenças é uma sensação sem igual. O negócio não é pedir desculpas ou perdoar, mas pensar quem alimenta o ressentimento e porquê. É um tapa bem dado na cara. Vale a pena reparar se acontece algum reflexo físico, tipo a barriga começa a doer, o ombro encolhe, a mandíbula enrijece. Traz o inimigo pra sua respiração, conectadinhos e deseje que ele(a) esteja feliz, bem, livre de sofrimento e que tenha encontrado a paz.


O último estágio é entre você e os outros 3, todo mundo junto: impossível não dar uma risadinha imaginando o seu encontro com as outras 3 pessoas que, a princípio, não têm absolutamente naaaada a ver umas com as outras... o meu encontro foi bem inusitado, teve até aquelas bolas de discoteca no teto : )
E assim, depois dos 4 devidamente apresentados (prestar atenção que bons sentimentos em comum você tem pelas 4 pessoas), convidar todo o resto do mundo. Abrir o peito e mandar boas vibrações pra todo mundo do mundo inteiro, desejando que eles(as) estejam felizes, bem, livres de sofrimento e que tenham encontrado a paz.
Eu amei essa experiência, mesmo. Me deu vontade de meditar todo dia (cof cof cof, uma vez a cada dois ou três dias, vai?) 


Pra concluir o curso - e, mais do que isso, concluir a minha vida por aqui - conversamos na aula sobre estar acordado para o mundo, mas principalmente para sua própria vida. Daí o Budinha fez mais uma das suas listas de motivos pelos quais estamos "dormindo" na vida e o que fazer para acordarmos, mas... já que eu experimentei uma mini-acordadinha vou abandonar o gordinho simpático e dizer que  nada, absolutamente nada (e isso inclui o fantasma da "idade" e a "chatice" da carreira) é mais importante do que a nossa própria felicidade. Não vou estender nesse assunto, porque não me aguento mais falando de felicidade e sonho por aqui, mas só quem consegue olhar pra dentro e enxergar que tá tudo aqui, só depende da nossa vontade de fazer acontecer... ah, a gente veria muitos mais sorrisos por aí.
E de uma vez por todas, parem de se lamentar por coisas que cabem a nós mesmos mudarmos. 
Chega de empurrar com a barriga e de se contentar com o mais ou menos.
E, pelo amor de Deus, dêem a si mesmo o valor que merecem, acreditem no auto-amor e nunca se esqueçam que o mais divertido do mundo é ser feliz com você mesmo. 


"He who binds to himself a joy 
Does the winged life destroy; 
But he who kisses the joy as it flies 
Lives in eternity's sun rise."
William Blake

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