quinta-feira, 29 de setembro de 2011

People like a gente

Frustrada e com voz de travesti.
É assim que me sinto depois do meu segundo dia do curso de Budismo e Meditação.
Não consiiiiiiiiigo meditar. Não consigo, não é pra mim. Tô mals. 
Passo a uma hora de meditação pensando na vida, no que eu vou fazer no dia seguinte, na fome que eu tô sentindo, me coçando, sentindo a perna perder sangue na formigação, dando risadinha interior da voz do professor, abrindo os olhos devagarzinho pra ver a cara das outras pessoas concentradas, tentando descobrir que parte do corpo eu deveria estar sentindo... (as aulas de meditação são ótimas pro vocabulário biológico. Tô aprendendo o nome de várias partes do corpo).
É só minha segunda tentativa, é verdade, mas já me sinto fracassada. Tá certo que todos os meus colegas praticaram pelo menos 4 vezes na semana, enquanto eu estava tomando sol no parque, experimentando roupa na Top Shop ou me empanturrando de água e vegetais (feliz mês vegetariano, Laura)... mas mesmo assim tô mals.
O professor dedicou meia hora inicial do curso para que todos nós falássemos sobre o que sentimos durante as práticas em casa e meus amigos descreveram sentimentos lindos, cheios de flutuações, perda de consciência, momentos mágicos, encontros sub-conscientes, felicidade instantânea. E eu lá... balançando a cabeça, fingindo que super compartilhava de tais momentos lindos. Tô mals.
Queria tanto sentir o nirvana :(
Enfim, desistir jamais, né?
Meditação bem a parte, o que mais me emocionou foi um encontro muito inusitado durante as discussões sobre Budismo. 
Já tinha reparado que o Paul (nome fictício pra guardar identidade ihihi) era tão peixe-fora-d'água como eu. Todo roqueiro, grandão, preto dos pés à cabeça, caveirinhas, tatuagens estranhas, cheio da dor nas costas. 
Daí que o professor adora fazer duplinhas e me juntou com o Paul. Pediu que, juntos, respondêssemos a pergunta: 
No que você acredita?
(...)
Vai, vai, vai! Tenta responder!! 
Ficamos lá, Paul e eu, tentando entender a pergunta. Será que o que eu acredito é a mesma coisa que eu quero? Será que o que eu acredito é o que eu vejo? O que me mandam acreditar? Deus? Minha mãe? Paz no mundo?
Enfim... filosofamos, desviamos um pouco do assunto e uma lágrima escorreu do meu olho.
Ele me contou que resolveu fazer o curso pra tentar curar o coração partido. E na quarta, justamente na quarta-feira, foi o aniversário de um ano do pé. Um ano depois! Me doeu o coração, sério.
Mas foi a partir daí que chegamos ao nosso veredito para a pergunta. Eu e Paul, cada um com seu motivo, acreditamos na auto-felicidade!! Acreditamos na busca pela felicidade interior, pelo amor por nós mesmos, pela auto-curtição, como ele disse : ) 
Paul e eu acreditamos que antes de gostar de alguém (qualquer alguém), antes de colocar o coração nos nossos atos, antes de gastar energia, de se dedicar pelos outros, a gente precisa muito de uma felicidade aqui dentro.
Não, não é fácil mesmo, mas a jornada pra encontrá-la é muito divertida!! Tem que ser.
O professor contou uma coisa muito interessante: ele disse que a nossa mente é condicionada a fazer narrativas. Por exemplo: o tic-tac do relógio. O barulhinho não é tic-tac, é tic-tic, repara. O som não muda, mas na nossa cabeça a gente cria um outro som, pra dar um "fim" àquele ciclo de sons. 
E não é muito verdade isso? Quantas vezes a gente criou uma história enorme na cabeça e a realidade era muito mais simples? Pelo menos nós, mulheres, a-do-ra-mos fazer isso!
Daí que eu e meu dupla chegamos à conclusão que a auto-felicidade tá muito na nossa cabeça! Cabe à nós a decisão de ser mais ou menos felizes. 
A gente passou também pela piração do ficar sozinho, gostar de estar sozinho, aproveitar o tempo que temos com nós mesmos. 
Complexo, mas que faz todo sentido e todo mundo devia tentar.
Eu disse pra ele que gostava de mim quando conseguia cantar Like a Prayer sem errar.
Ele disse que gostava dele quando terminava um joguinho xis de videogame.
: ))) 
Ganhamos um "Good point, guys" do professor e até brindamos com nossa xícara de chá-com-leite.
(auto-torção na auto-felicidade)
E pra terminar, o professor nos contou sobre os 3 Refuges do Budismo: Buddha, Dharma e Sangha. 
E o mais legal de todos é o primeiro. 
Buda não é um Deus ou necessariamente uma pessoa. O verdadeiro Buda está dentro de nós mesmos, na nossa natureza. Todos nós temos o potencial para sermos Buda, para sermos plenamente felizes. 
Precisamos olhar para dentro e achá-lo. 
(é bem difícil explicar as coisas que aprendo na aula. Acho que tem muito da nossa própria experiência e interpretação, né? Enfim, vou continuar tentando)
Momento fofo-eu-amo-os-budistas: enquanto as outras religiões juntam as mãos para orar e atingir o Deus que está lá em cima, os budistas juntam as mãos e dão aquela abaixadinha no corpo para cumprimentar o Deus que existe dentro de você.
Owwnnn!
Ps - a voz de travesti é porque tô rouca e mais resfriada impossível.

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Maquilando

Várias 3 amigas me pediram algumas dicas do curso de maquiagem, assim, sem nem ao menos me esperar voltar (humpf!).
Disseram ainda: a gente não quer dicas de como meditar, de como ser mãe londrina ou de como tentar ser feliz, pô! A gente quer saber se maquiar sem ter que pagar em pounds (tudo isso é pra incrementar a narrativa).
Desculpa, meninos, mas aqui vai um super-guia-lindo com algumas coisas que aprendi no meu curso de maquilage.
Espero que as meninas gostem... gastei mór tempo resgatando minhas coisas! : )
Som na caixa porque segundo minha professora, não existe fazer maquiagem sem música! E ó, faz muita diferença mes-mo!
Preparando a pele
Uma coisa que eu não sabia e aprendi: antes de fazer maquiagem, TEM que passar um hidratante no rosto. Não importa qual, mas hidratante é fundamental pra proteger a pele e pra ajudar a deixar a maquiagem mais bonita.
Então a ordem é assim:
> Demaquilante 
Eu uso mesmo quando não tenho nada no rosto. É bom pra tirar as impurezas e a maquiagem do dia anterior que nunca sai. E ó, se eu vir alguma das minhas leitoras com aquele restinho de lápis embaixo do olho que ficou do dia anterior, finjo que não conheço (é muito caído, sério!).
Um truque bem bom: ao invés de tirar o rímel esfregando o algodão e melecando de preto toda a pele abaixo do olho, apóia um pedacinho de algodão nessa região dos olhos e passa o demaquilante no cílios. Assim não fica aquele pretão que é difícil de tirar. Passar cotonete entre os cílios é ótimo pra tirar todo o rímel.
> Lavar o rosto
Bem lavadinho com o sabonete que está acostumada.
> Tônico 
Pra quem usa, claro.
> Hidratante
Não esquecer da área ao redor dos olhos. Têm vários cremes que preparam a região dos olhos e é importante passar, porque evita aquele craquelado indesejado do corretivo (essa talvez é uma das melhores dicas do post inteiro). Tirar o excesso do creme com um lencinho. 
Não esquecer de hidratar o lábio.
> Primer
Pra quem não conhece, o Primer é um "preparador" que ajuda a uniformizar a pele. Ele esconde os porinhos, ruguinhas e qualquer imperfeiçãozinha (tudo no diminutivo, porque somos belas do jeito que somos ihih)
Eu não uso Primer todo dia porque minha professora disse que é muito agressivo, mas vale a pena pro dia quero-arrasar-muito.


Pincéis
Acredite: o pincel errado faz horrores por você. É muito importante ter o pincel certo pra hora certa. Tem uns muito desnecessários, mas que são legais só pra fazer uma coleção bonitinha e pra quem não tem foco como eu.
Aqui vai então uma fotinho dos básicos e pra que servem:
1. Para base - ajuda a deixar a base mais levinha, mais suave. Minha professora passava o hidratante com ele, mas acho que ela é a única no mundo. Coloca a base na parte de cima da mão e vai pegando aos pouquinhos com o pincel.
2. Para blush - a diferença entre esse e o número 3 é que esse é chanfradinho e por isso marca mais o blush.
3. Para blush - deixa o blush mais suave, mais natural.
4. Para corretivo ou sombra - esse maiorzinho eu uso mais com o corretivo embaixo dos olhos, mas é ótimo pra espalhar a sombra quando não queremos marcar nenhuma linha, só dar uma corzinha mesmo.
5. Para corretivo ou sombra - o menorzinho é legal usar para o corretivo em áreas menores (tipo espinhas ou canto do nariz) ou ainda quando queremos fazer alguma marquinha no olho, tipo na base dos cílios de baixo. É bom pra passar batom também.
6. Para delineador - cada uma tem seu jeito do coração para passar delineador. Eu acho muuuito mais fácil passar com esse pincelzinho chanfrado que ajuda a fazer o puxadinho do cantinho e o traço fica mais retinho. 
7. Para esfumaçar - esse a gente usa quando quer juntar duas cores, deixando o olho mais homogêneo. 
Minha professora usava para passar o corretivo também... é legal porque fica beeem natural, mas não serve pra esconder a noite mal dormida.
8. Para sombra - esse pincel é gordinho e serve pra passar sombra normal ou ainda pra ajudar a esfumar no osso do olho (côncavo).
9. Para sombra - esse pincel é a versão nanica do número 8 e serve pra marcar bem a sombra. Pode ser uma marcação no canto externo do olho ou no côncavo.
10. Para sobrancelha - nunca dei bola pra ela, mas faz maior diferença no resultado final.
Não deixem de lavar seus pincéis! É um sa-co, mas é muito importante, porque eles retém muita sujeira e bactérias. Pra lavar, colocar um pouquinho de shampoo Johnson e um pouquinho de condicionador de cabelo num potinho e misturar com água. Molhar o pincel na misturinha e fazer movimentos circulares na palma da mão pra limpar bem direitinho. Enxaguar com água e tirar o excesso com os dedos, apertando no sentido da raiz à ponta das cerdas. Deixar secar deitado em cima de uma toalha. Não molhar o cabo do pincel, pra não cair água dentro da onde fica a raiz das cerdas.


Base
Mais uma dica importante: só vale passar base DEPOIS que o olho estiver pintado (porque era assim que chamavam maquiado na década de 70). Passar base ou corretivo antes é besteira, porque pode cair pozinho da sombra no rosto e fazer a maior caca. Então, primeiro pinta o olho e depois passa a base.
Eu odeio base. Além de me dar calor no rosto, eu sempre acho que fica uma impressão fake. Só uso a noite ou quando tô com o rosto muito vermelho por causa do frio ou do ar seco. 
A primeira e mais importante das dicas é saber escolher a cor certa. E daí não adianta pedir pra amiga trazer de Londres a base que ouviu falar (ihihi), porque TEM que testar várias até achar a perfeita. A melhor forma de testar é colocar um pouco perto do pescoço, no peito, porque a base do rosto tem que ornar com a cor do resto do corpo (jamais teste na mão). Achou uma cor parecida com a pele do peito, experimenta no rosto.
A gente tem três cores principais de pele: amarela, rosa e negra. Para as negras, as opções de cores variam em tonalidades (da mais clara para a mais escura), mas para as mais branquinhas é importante descobrir se sua pele é mais pro amarelo ou para o rosa. Sabendo disso, a escolha da base tem que ser assim:
NC: peles amarelas
NW: peles rosas
Essa nomenclatura é usada por várias marcas, incluindo a MAC, mas tem outras que vão só pela numeração de tonalidade mesmo. Daí é no olho.
Base que tem cream no nome, é ideal para peles secas. 
Base mate (opaca) é para ocasiões especiais (tipo casamento que tem muita luz), porque não deixa a cara natural at all. 
Pra deixar a base ainda mais homogênea, depois de usar o pincel 1, pega o pincel 3 limpo e passe pelo rosto em movimentos circulares.
Uma das maiores gafes femininas é o over-base. Tem que ser pouquinha, peloamor! Coloca um tico na parte de cima da mão e vai pegando aos poucos com o pincel.


A música não pode parar!
Ps - esse vídeo é muuuito non-sense


Corretivo
Eu prefiro passar depois da base, porque são áreas que têm que ficar mais clarinhas mesmo. Mas se for pra esconder espinha ou marquinhas, tem que ser ANTES da base.
Não tem nenhum segredo, mas aprendi que o rosto dá uma iluminada quando passamos também nos cantos do nariz (que sempre é meio vermelhinho), na parte de dentro do olho e nos cantos de fora da boca - juro, faz diferença!
Pra quem não tem paciência de passar sempre com o pincel, como eu, usa o dedo anelar dando batidinhas com o corretivo, nunca esfregando (o dedo anelar porque um dia eu li que é o dedo que tem menos carninha, então é o que dá um acabamento mais levinho... é tão legal ser mulher, né?).
Again: over-corretivo é uó! Bom senso, meninada!





Não passar corretivo na pálpebra porque vai ficar marcado de tanto piscar. Hoje as marcas de maquilage tem uma base especial pra essa área.
Segredinho: passar sempre alguma sombrinha nos olhos, nem que seja da cor da pele, porque tendo um pozinho lá, é mais difícil criar as linhas de excesso de base/corretivo.


Sombra
Sempre que passar sombra, lembre-se de ir com ela na pálpebra inteira até o ossinho do olho (o ossinho que forma nossa caveira! ahahaha, adoro essa explicação!). 
Uma sombrinha clara e brilhantinha pertinho da sobrancelha faz toooooda a diferença.
O ponto que fica no meio entre o cílios de cima e a sobrancelha é o o ponto onde deve ser sempre mais escuro (quando esfumar) e nunca ultrapassar o final da sobrancelha.
Uma boa dica pra escolher cor de sombra ou combinação de sombras/blush é pensar nas cores opostas: 
Ps - essa dica das cores opostas também servem na hora de se vestir na tendência colour block!


Delineador
Antes de pensar no delineador, faz o teste pra saber se você tem o rosto geométrico: o espaço entre um olho e outro tem que ser exatamente igual à largura dos olhos (quase como se fosse um terceiro olho lá no meio). Eu, por exemplo, sou freak de anormal.
Se os olhos forem mais perto (espaço do meio menor), o delineador tem que começar fininho no canto interno do olho e engrossar do meio pro final - isso ajuda a aumentar a distância entre um olho e outro.
Se os olhos forem separados, não sei! ahahaha não anotei. Mas penso que é o oposto, só manter fininho o tempo todo, começando não tão perto do canto interno. 
Temos 4 tipos possíveis de delineador:
1. Só rente ao cílios de cima (pra qualquer formato de olho).
2. Puxando um pouquinho pro canto externo, formando um mini-gatinho (pra qualquer formato de olho)
3. Puxando ainda mais pra fora, tipo anos 70. Importante conectar o traço que "vai pra fora do olho" com um traço até a metade do cílios de baixo, pra não sobrar um buraco (ideal pra quem tem olho redondo)
4. "Full": puxando pra fora, mas conectando a linha com um traço em todo o cílios de baixo (ideal pra quem tem olho amendoado)


Dica: na hora que for puxar o cantinho do delineador pra fora, mirar o traço no final da sobrancelha.


Blush
Tem dois tipos de blushs:
> O puxadinho em direção à orelha (mais comum)
Minha professora começa da orelha pro centro da bochecha. Eu acho bizarro e nem levo em consideração, continuo começando na bochecha e puxando pra orelha.
> Bolinha
Eu comecei a adorar o blush bolinha e tá mais na moda, by the way. É só dar aquele sorriso bem forçado e marcar em forma de bolinha a parte que mais salta da bochechinha. 
Minha professora acha que a gente tem que combinar o blush com o batom, eu acho isso bem mentira. Segundo ela, se o batom é vermelho, o blush tem que ser pro laranja/rosinha. Se o batom é pro marrom, o blush tem que ser mais pro queimado. NOT!


Lápis
O jeito mais legal de passar lápis é rente ao cílios de baixo e não só na linha da água (o lugar tradicional de lápis). Dá aquela impressão de borradinho-chique. Experimentem outras cores de lápis, o preto é muito boring! O roxo é uma ótima opção.


Rímel
A professora ensinou um jeito muito legal de passar rímel: com o olho fechado, passar o pincel por cima do cílios (lado oposto ao que estamos acostumadas). Fica bem mais bonito.
Aqui super se usa rímel nos cílios de baixo. Eu acho um charme!





Curvex sempre depois da sombra pronta e antes do rímel. 

Sobrancelha
A cor da sombra que vai preencher a sobrancelha tem que ser igual à cor do cabelo!! Se for mais escuro vai ficar bizarro drag-queen. 
Primeiro pentinho nelas e depois a sombra pra preencher. O pincel 6 é o melhor pra isso.

Batom
Eu acho cafona, mas minha professora amava lápis de boca. Tem a vantagem de ajudar na duração do batom e só. Antes de usar o lápis, passar um pouquinho (beeem levinho) de corretivo no lábio pra acertar melhor o contorno. A cor do lápis tem que ser idêntica ao batom!
Uma dica pra ajudar o batom (principalmente gloss) a não sangrar pra fora da boca (éca) é passar um pouquinho de pó em volta do lábio. 
Pra quem gosta de batom vermelho, mas as vezes não quer muito forte, ao invés de passar direto na boca, usar o pincel 7, que ajuda a esfumar o batom. 
Dica glamour: passar um pouquinho de sombra mais clara e com brilhinho no coraçãozinho da boca pra iluminar (aquele V abaixo do nariz).


Nossa, esse é o post mais chaaato da história!
Enfim, ficam as dicas : )

domingo, 25 de setembro de 2011

Domingo

Domingo é sagrado, sempre foi.
É o dia da semana reservado pra encontrar a família e, no melhor jeito arrivederci de ser, conversar pelos cotovelos, gritar pra quem está do outro lado da mesa, comer a lot, brigar um pouquinho, contar da semana, fazer planos e renovar nossos amores uns pelos outros.
Eu amo domingos e sabia que seria o dia mais difícil por aqui. Primeiro porque normalmente é um dia mais morto e depois porque eu sairia da minha rotina amada.
Mas daí eu cheguei aqui e descobri que domingo é o dia maaaais divertido em Londres. 
É o dia mais londrino de Londres, eu diria. É o dia que as mães londrinas saem desencanadas com seus filhos, os homens abandonam os ternos e lotam os pubs a partir das 10h. Os parques ficam cheios (quando o clima não tá tão londrino) e o metrô menos insuportável. Os casais de velhinhos fazem piquenique e please, mind the bike. 
E hoje, já que eu não posso aproveitar meu domingo querido (me descobri com uma baita desidratação e me mandaram ficar deitada me entupindo de água), fiquei pensando como seria meu domingo perfeito em Londres.
Aqui vai então.
É no East da cidade que o domingo toma vida (se eu fosse escritora, com certeza seria das mais cafonas). É lá que tudo de mais legal acontece. 
Pausa para uma breve aula de geografia:

1- Minha casa e do Freddie 
2- Hyde Park
3- Palácio de Buckingham (o Big Ben fica naquela ponte embaixo do S de Westminster
4- Abbey Road
5- Camden Town
6- Brick Lane (East)
7- Região de Southbank (os passeios "do outro lado do rio") 
8- Greenwich (onde tem o Meridiano)


Isso pra contar que eu moro no West, mas o domingo-feliz é lá no East (número 6), ou seja, do outro lado da cidade.


O domingo começa cedo na Columbia Road, onde acontece o lindo mercado de flores. Esse mercado toma a rua inteirinha e é lindo ver a mistura de cores que se forma. Eu morro de rinite, mas é lindo. 
O passeio dá fome, então de lá é correr pra Brick Lane onde, todo domingo, acontece um food market dentro de uma antiga cervejaria. Perde-se o olfato lá de tanto curry no ar, mas dá vontade de pegar uma colherzinha e experimentar cada uma das paneladas. 
Deu pra perceber por aqui que eu amo os mercados de comida de Londres, né? Eu gosto mais deles do que qualquer restaurante que eu já fui aqui (tirando o do Jamie, que é dos deuses). Mas eu descobri que não é só por causa da comida em si que eu amo eles, mas é pelo clima roots e descontraído, pela possibilidade de comer na sarjeta (tenho um carinho especial por esse momento) e também por poder ir do oriente ao ocidente na mesma refeição - frango indiano com arroz + brownie de sobremesa.
(ahahahaha essa não é uma boa foto at all!)
Brick Lane é talvez dos bairros mais diferentes que tem por aqui. É uma super mistura de culturas. Ao mesmo tempo que a maioria das comidas é indiana (tem um pouco das chinesas também), é por lá que fica uma das principais mesquitas da cidade. É muito divertido ouvir aquele chamado pra reza dos muçulmanos. Os homens se concentram em um lugar, as mulheres em outro. Acho bem legal ficar por lá olhando.
É lá também que tem vários brechós modernos, lojinhas descoladas, milhares de grafites pelas ruas e o melhor sanduíche de atum com milho : )
Dá pra ficar a tarde toda e o começo da noite por lá, porque a partir de umas 6h da tarde, alguns bares chacoalham na matinê dominical (vou sentir saudades de voltar pra casa às 22h depois de já ter dançado até o segundo tombo).
Se o pique estiver no modo econômico, depois de um passeio por Brick Lane, a próxima parada é em Spitafields, o mercado de roupas mais bacana da cidade. Fato.
Spitafields é um mercado alternas perfeito: nunca está absurdamente cheio, os vendedores são uns amores, as roupas são muito diferentes, de ótima qualidade e não muito caras. 
E assim a gente acaba o domingo porque os amigos acordam cedo no dia seguinte. 

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Meditando em inglês

Esse post é quase um ao vivo da minha primeira aula de Budismo e Meditação. 
Acabei de voltar de lá e já tenho certeza que não teria melhor grand finale para meus meses em Londres. Foi muito muito encantador.
A aula é dividida em duas partes: primeiro meditação. Pausa pro chá com leite. Daí vem a aula de Budismo.
Seguindo a ordem: a primeira meditação da minha vida.
Vou pensar se consigo resumir essa experiência em uma palavra só, mas a primeira que me vem na cabeça é: longa. A gente meditou por hu-ma ho-ra!!!!!!! Quem, em sã consciência, consegue meditar por 1 hora, sério! 
Minha primeira vez na vida, pôxa! Não existe começar já no nível profissional-espiritual. É simplesmente e humanamente impossível.




Eu até que comecei bem. Meio ansiosa no começo, porque não sabia se ia conseguir, se ia dormir no meio, cair pro lado, se ia ter alguma visão ou algum sinal estranho. Pode ser maluquice, mas meditar dá um medinho. É muito contato com você mesmo e com o nada ao mesmo tempo. 
Sentamos na posição "mais confortável" (que depois de 20 minutos é tudo, menos confortável) e o professor começou a guiar a meditação. 
Parênteses: a voz dele é muito clichê, bem voz de locutor de vídeo auto-ajuda.
Tipo essa:
Você só tem que sentir você mesma, pensei eu. 
Lá foi ele:
primeiro sintam os olhos......
sintam o fundo dos olhos........
o formato dos olhos.....
como eles são úmidos.....
agora as pálpebras................
os cílios se tocando.............
agora sintam a cabeça, o cabelo, a sobrancelha.
Tudo isso em inglês, óbvio.
Minha nota 10 em meditação acabou aí, na sobrancelha. A partir da sobrancelha, comecei a prestar atenção em absolutamente tudo, menos no professor. Quando dei por mim, ele já estava na barriga e eu ainda procurando a sobrancelha...
Dispersei. Desconcentrei. Desmeditei.

Comecei a dar aquelas abridinhas safadas de um olho pra ver que horas eram, porque parecia uma eternidade. Juro.
Daí comecei a pensar no espinafre que ia vencer na geladeira, na roupa que eu não lavei. Devo ter pensado até no que fiz na vida passada de tão desconcentrada. 


Eu estava incomodada, na verdade... e pessoa incomodada é pessoa desconcentrada. E pessoa desconcentrada é pessoa não-meditada. 
Meu incômodo começou na coceira e lembrei da única restrição do professor: não façam barulhinhos pra não incomodar o meditante ao lado. Tudo, absolutamente tuuudo começou a coçar. Todas as partes do meu corpo. 
Daí o incômodo foi pra formigação da perna porque eu, querendo mostrar todos meus dotes de flexibilidade, achei que podia sentar na posição-avançada de Buda assim, no primeiro dia que nos conhecemos. Depois de 1 hora pareceu que a perna colou naquela posição e não descolaria nunca mais.
Daí teve o incômodo da rinite por causa do carpete empoeirado; da tosse que eu não tinha; da barriga que começou a reclamar de fome; e obviamente, do sono pelo tédio.
Soma tudo isso e tenta acalmar a mente. Uhum.


Terminou e eu tava de cara feia. Conseguia sentir os músculos do meu rosto formando uma cara não-amigável. Até que meu colega do lado reclamou da dor nas costas e o professor deu a melhor resposta do mundo, aquela pra deixar minha cara feia no chão: gente, vocês acabaram de vivenciar o Budismo. A vida é cheia de dor, de desconfortos e o Budismo tenta ensinar como passar da melhor forma por tudo isso. 
Pááá. Na cara.


Só sei que nesse minuto tenho dor no corpo inteiro por causa da meditação. Meu ombro tá anestesiado, "peguei" torcicolo e não consigo sentar. ihihih
Intervalo. Chá com leite.
Londres me ensinou a tomar chá e ando viciada em chá de hortelã. Mas chá com leite é de cuspir pro lado. 
Buuut, o que é uma xícara de chá com leite pra quem vai ficar 1 mês sem comer carne, né? Tomei.
Segundo round: o encontro com Buda.
Não é exatamente uma aula, é tipo um bate-papo. 


Prefácio: eu tenho um bloqueio pra entender os homens daqui falando inglês. O bloqueio é ainda maior quando esses homens ultrapassam os 40 anos. Junta: homem, falando inglês, 40+, com um nome budista, se apresentando pros alunos. Não tenho a mais remota noção do nome dele. 


O professor xis contou sobre o curso e já deu uma breve introdução sobre quem foi Buda e o que é o Budismo. 
Aprendemos quais são as cinco faculdades espirituais* do Budismo: Confiança, Energia, Contemplação, Introspecção e Mindfulness (que eu não sei como traduzir). 
Tenho certeza que vou adorar esse curso, mesmo sabendo que vou entender uns 60% dele. 
Não parece muito bacana? Muito necessário, eu diria. 
Tô muito animada! Muito muito! 
Vou tentar escrever toda quarta sobre o que eu aprender na aula, porque parece egoísta deixar tudo isso acabar em mim.


*tô aqui fazendo cara de blasê e fingindo que eu super sei o que são faculdades espirituais. Aliás, isso deve acontecer mais vezes, mas vou fingir que sei tudo o que eu escrever por aqui, combinado? Qualquer coisa: google neles! ; )

terça-feira, 20 de setembro de 2011

I heart Londres - parte 1

Hoje completo 80 dias em Londres!! É inacreditável como passou rápido. Eu tinha certeza que passaria, mas ultrapassa a verdade e a certeza.
Tanta coisa aconteceu nesses 80 dias... como resumiu ontem uma amiga: você é uma menina de sorte
Má-muito!
Bom, daí que agora, passados os 80 dias, eu me sinto preparada pra pensar o que mais amo em Londres. É uma tarefa difícil, porque cada dia que passa eu me surpreendo com alguma coisa e, como tenho mais alguns dias por aqui, essa lista vai crescer.
Eu tenho síndrome de Amelie Poulain, então alguns vão parecer bobos, mas mesmo assim me tocam o coração.
Obs - vou tentar colocar uns links assim a conversa não fica tão de louco.
Aqui vai minha lista de amor:


> O sorvete de baunilha de Brighton, que é idêntico ao do Mc Donald's, mas a experiência conta mais
> O sino da igreja que toca todo domingo às 8h com uma musiquinha muito bonitinha
> A cabeça das pessoas que balançam no mesmo ritmo com o chacoalhar do metrô
> Ouvir a locutora do metrô falar Jubilee line
> Reparar nos penteados e maquiagens das londrinas e tentar, fracassadamente, imitar
> Aqui ninguém manda beijo no coração e pouquíssiiiimas pessoas tiram foto fazendo hang-loose #ficaadica
> Admirar do fundo do coração as lindas, descoladas e desencanadas mães londrinas
> Ouvir, inesperadamente, o Big Ben tocar
> Ver as indianas andando pelas ruas com seus saris coloridos
> Ouvir na night-club, em meio a rocks alegrinhos, músicas engraçadas como essa
> Comer iogurte grego toda manhã.
> O brownie SEM nozes do Broadway Market
> O risoto de azeite trufado do Broadway Market, que vem numa caixinha e dá pra comer sentado na sarjeta ou na beira do canal
> O churros do Camden Lock
> Ver gente arrumada pra casamento dentro do metrô
> A vitrine da The Great Frog, que tem as melhores caveirinhas de Londres!
> As ruas apertadinhas de Whitechapel que, pra mim, são a melhor tradução de Londres
> Andar do jeito que você bem entender, sem ninguém te olhar de cima a baixo
> Chegar no Palácio de Buckingham pelo St James Park e ter que esperar a família de patinhos atravessar a pista
> O ônibus número 74
> Andar por Covent Garden e descobrir novas lojinhas de maquiagem
> Os macarrons com chá de hortelã da Ladurée
> Os meninos que tocam música clássica-moderna no final da Millenium Bridge (a que liga a St Paul's Cathedral com a Tate)
> A banda cover dos Beatles que toca na estação de Piccadilly
> Comprar uma garrafa de vinho e sanduíche de salame no Borough Market, sentar na sarjeta e agilizar a farofa-chic. Daí tem os doces árabes e as tortas de maçã. Tem os suspiros e o espeto de morango com chocolate
> Andar pelas ruas residenciais de Fulham e tentar ver as casinhas por dentro e o que as pessoas estão fazendo
> Cantarolar Radio Ga Ga em frente a casa do Freddie (tenho que dizer que tô a-lu-ci-na-da no Freddie)
> Pints de Cider com gelo
> A Tower Bridge iluminada
> Os passeios até o ponto final de ônibus desconhecidos.
> Os esquilos do Hyde Park
> As pessoas que sorriem pra você no meio da rua
> As pessoas que sorriem pra você porque estão sentadas bem de frente no metrô
> As flores do Regent Park, que agora já devem estar secas e caídas
> Entrar em todos os parques que eu vejo pra ver se acerto o que fui em 2008, o mais lindo que já vi (e que não lembro o nome)
> A sessão de beleza da Selfridges
> As barraquinhas de Spitalfields
> A travessia do Richmond Park com direito a ver muuuitos Bambizinhos saltitando soltos por ali
> O domingo em Brick Lane
> O domingo em casa vendo The X Factor

> O domingo em Camden Town



: )))


Amanhã começo meu curso de Budismo e, consequentemente, meu mês sem comer carne e, consequentemente, o mês que mais vou ter vontade de comer carne na vida. Let's see.


Ah! Importantíssimo! Eu sei que todos vocês me acham talentosíssima, mas as fotos que eu uso pra ilustrar o blog não são minhas!!! Eu me empenho em buscá-las no www, mas a maioria eu acho aqui

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