domingo, 28 de agosto de 2011

O Buda






Dear student, we regret to inform you that your course has been cancelled.
(...)

Cancelaram meu próximo curso.
Assim, sem mais nem menos. 

We’re very sorry for any inconvenience this may cause.

Pensei em mandar um email para a Universidade listando todos os inconvenientes causados, mas achei que não seria britânico da minha parte. 
Fiquei triste porque era um curso bem bacana, de tendências (não só de moda, de tudo na vida). Liguei pro mocinho que me mandou e-mail e por muito pouco não comecei a chorar no telefone. Patético, mas eu fiquei arrasada mesmo.
Enfim. Reclamar jamais.

Daí fica a pergunta que não quer calar e que atrapalha meu sono faz um tempo: o que fazer aqui enquanto não chega o dia de pisar de volta em Guarulhos? 
Decidi que não quero ficar aqui de turista. É até pecado falar que não quero ser turista em Londres, mas eu vim pra cá por muito mais e acho que me sentiria repetente caindo pro status de turista. 
Tenho até visto de estudante, poxa. Sou muito mais que turista.
(tenho um lado auto-censurante que é lindo de se ver).
Resumindo, esses dias eu ando bem confusa, tentando pensar como aproveitar o que a cidade e toda a experiência ainda têm pra me dar. 
E nessa minha inquietação de quem não dorme direito, pedi socorro pra algumas pessoas e pro mundo digital.
Alguns retornos:


A Dani me contou sobre um curso de pintura que parece ser bem legal, mas lembrei dos meus bonequinhos em formato de palito e desisti.


Minha professora de maquiagem me disse que uma boa continuação do meu curso é aprender a fazer a unha alheia. Ponto.


Google melhor-amigo ainda me deu de presente o encontro com essa universidade de nome mais lindo, que tem esse curso e mais todos esses. Não são muito tentadores?? Eu faria to-dos fácil fácil! Já fiz as contas e precisaria de uns 500 pounds e mais alguns meses por aqui : )


Tem também a universidade de adultos que oferece curso de ballet clássico para iniciantes. De novo: universidade de adultos / ballet clássico para iniciantes.


A mesma universidade tem um curso de tricô com extensão em crochet. Esse passou pela peneira, tá na lista dos pré-aprovados.


E tem o meu preferido: High Society Secrets Etiquette Essentials. Chique, vai? Aprender segredos de etiqueta na terra da rainha. 
Tem que ter muitooo tempo sobrando.
Pode parecer mentira, mas eu realmente vi todos esses cursos. 
Pra ver como sou uma pessoa focada e decidida.


O problema é que eles estão começando o ano letivo por aqui e todos os cursos são sérios, esses de um ano, um ano e tanto. Acabou a palhaçada de cursos de verão.


Até o Google ficou difícil de lidar... não conseguia achar absolutamente nada.


Até que um belo dia decidi colocar o Buda na história (afinal ele é a pessoa mais bem resolvida e feliz do mundo, pelo que dizem por aí). Digitei buddha course west london (porque eu moro no west e porque eu tenho preguiça de pegar o metrô nos horários de pico) e me dei de cara com esse lugar fofo.  
E foi assim que resolvi meu próximo curso. 
Vou estudar Introdução ao Budismo e à Meditação. 
Fiquei feliz com a minha decisão.
Bem feliz, aliás.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Randomizando

Descobri que dá pra programar a publicação de um post. 
Tri! : )
Então, se tudo der certo e isso funcionar, esse post vai subir enquanto eu estiver na Irlanda, conhecendo a cidade da Helen. 
E, prevendo o futuro, amanhã vou estar cuidando de uma visita muuuuuito especial, diretamente da América do Norte. A Fê vai estar aqui por míseros 3 dias, mas não vejo a hora de poder mostrar pra uma das amigas do coração, ao vivo, como é minha vida aqui. Vai ser muito divertido!  
Como esse post é um De Volta pro Futuro, quase telepático, fica um enchendo-linguiça com algumas fotos daqui.
Atenção! Não tenho câmera aqui (e não sinto muito a necessidade de uma, na verdade), então a qualidade das fotos é celularística. E obviamente a fotógrafa é uó. Perdoem!


O Big Ben no dia que ele badalou e eu chorei rios de lágrimas!


Essa é a London Bridge vista do outro lado do Tâmisa. Aliás, passear lá do outro lado é um passeio lindo!


Essa vista também é do outro lado do Tâmisa. 
Acho que eram 21h e o sol estava se pondo. 



Mario e a Cabine Vermelha.


A casa do meu vizinho lindo, Freddie Mercury 


As mensagens que deixam pro Freddie. São milhares de mensagens e flores todos os dias. Estou preparando a minha mensagem do mês (já foi uma em junho e uma em julho). Se alguém quiser pegar carona, me avisa! ihih


Refeição "Verão em Londres". Verão por causa da Pimms, que é a bebida mais adorada nessa época do ano. Não dá pra ver direito, mas ela vem com pepino, laranja, manjericão, maçã e outras coisas que não quero saber quais são. Daí tem o famoso e morri-de-veia-entupida Fish and Chips.


Pessoal, Henry. Henry, pessoal.
Foi ele!


Kivia no nosso passeio preferido. 
Que saudades que deu : (


Lu e Henry os fashionistas da tchurma.


Praia de Brighton, a Praia Grande londrina.
Era um frio inenarrável. 
Eu sempre achei muito chique pessoas que vão de roupa na praia!


O vestido da Kate que está em exposição no Palácio de Buckingham. 
Super lindo.


Brick Lane, um dos lugares mais Londres de Londres.
Esse vestido eu comprei lá e tem a cara de lá. Por isso ta aí.


A casa da Amy um dia depois que ela morreu.
Bem triste.


Um dos piqueniques do domingo a tarde. Esse é o Hyde Park.
Os cabelos eram uma homenagem (fracassada) pra Amy.


Tenho treinado estrela. Fiz uma promessa que saio daqui sem saber falar inglês, mas aprendo de uma vez por todas a fazer estrela.
Aconselho não usar vestido durante as práticas.


Abbey Road no glamour da Havaianas.


Uma sexta-feira de aula de inglês.
Foi nesse dia que pedi para tirar foto com o menino vestido de Harry Potter.


Os encontros com o Mário, que doem de rir.


Nossas noites de terça-feira.
Mario, Lu e Pri.

Berlim com a Cami.
O muro.


Berlim com a Cami.
O campo e minha cara de feliz.


Berlim com a Cami.
E a Unter den Linden.


Minha maquiagem "drag-queen" em progresso e minha unha linda.
E a Anne que muito faz falta. 

Kivia e Ingrid em Camden : )

Dani, que me mostra as melhores versões de Londres.

Os Hare Krishnas, que alegram nossas tardes de sábado.

A maquiagem que eu fiz (e a modelo que ajuda!)


A maquiagem que eu fiz (e a modelo que ajuda!)

F/Nazcas reunidos.

Se você apareceu em uma das fotos e se sente lesado (lesionado? esqueci...), favor entrar em contato! :o)

sábado, 20 de agosto de 2011

Poulain

Eu tenho memória seletiva, assumo.
Sou uma beleza pra esquecer coisas que não me são assim... tão importantes. Ao mesmo tempo que consigo guardar boas lembranças de momentos que, por mais simples que pareçam, tenham sido especiais pra mim. Uma coisa meio Amelie Poulain, sabe como? Momentos épicos como dizem por aqui.
Mas minha seleção de memórias é muitas vezes piadista. 
Por exemplo: eu amei minha viagem para Cuba com minha mãe e meu irmão, mas uma das coisas que mais me marcou foi a sensação de tomar coca-cola num lugar proibido (meu irmão vai me matar por essa). 
Lembro pouco da minha primeira vez na Disney, mas nunca vou esquecer a cara de feliz do meu avô quando viu o castelo do Magic Kingdom.
Teve também o dia que apresentei minha primeira (e talvez última) peça de teatro. Eu tremia inteira de nervoso e quando entrei em cena (uaaau) pra falar qualquer besteira, eu vi aquela luz na minha cara, as 20 pessoas na platéia e me deu pânico. Mas eis que meu olho encontra com o Seabra e a Tati (meus amigos mais que amados) no meio da multidão e tudo ficou mais fácil, leve e feliz. Foi um momento único (literalmente) na minha vida.
Tive a companhia do Mark (meu amigo australiano) por 2 meses na minha casa, mas sempre que penso nele, lembro do dia que ele "assaltou" meu guarda-roupas e fez uma performance a lá Shakira no meio da sala. Foi um momento épico-histórico-eterno.
Nada tira da minha cabeça o cheiro de tuti-fruti do albergue que fiquei em Buenos Aires. 
E lembro muito bem da noite que jantei do lado da Anne Hathaway ihihih. Lembro o restaurante E o que eu comi. 
Dos mais recentes, com certeza ter ido ao show do Paul McCartney com a minha mãe ficou eternizado. Ouvir juntas e ao vivo as músicas que a gente costumava ouvir quando eu era pequena (enquanto eu provavelmente reclamava que queria ouvir Xou da Xuxa), foi dos momentos mais épicos da vida. 
Achei divertido pensar nisso e lembrar de alguns desses momentos. Óbvio que eu não consigo lembrar da maioria deles, mas sei que estão guardados aqui dentro pra quando eu precisar ressuscitá-los : )
Tudo isso pra contar que essa semana aconteceu um desses... ahahaha (ainda não me acostumei com a exposição de um blog).
O Royal Albert Hall é um concert hall (porque falar "casa de espetáculos" soa muito ruim) que vale a visita pela localização (fica de frente pra um dos pedaços mais bonitos do Hyde Park), pela lindíssima arquitetura e, obviamente, pelo interior que é deslumbrante (acho que eles não fazem "visita guiada", pra entrar tem que comprar ingresso pra um evento em cartaz e eu juro que até show do Roberto Carlos + Wanderléia vale a pena assistir por lá). 
Esse daqui:

Só por isso ele já seria merecedor de passar na seleção da memória, mas foi além e entrou pra categoria de momentos épicos. 
Assisti a um concerto que faz parte dos BBC Proms, uma temporada de apresentações de música clássica por 5 pounds (olha o momento épico aí geeente). Você só precisa ficar tipo umas 3 horas na fila debaixo de chuva (momentos épicos também são marcados pela superação) e rezar pra conseguir entrar. 
Uma vez dentro, respira fundo, senta e chora. 
Foi o que eu fiz. 
Eu decididamente não sou dessas super admiradoras de música clássica (um oferecimento: Tia Léo, minha professora de piano por 8 anos) e não entendo nada sobre compositores e etc. No fundo no fundo eu não devo ser uma pessoa culta na forma genérica, porque ainda tô pensando se realmente gosto de museus. Não gostar de museus EEE música clássica com certeza te rebaixa a nível de pessoa inculta.
Mas daí o Tchaikovsky apareceu com a luz no fim do túnel. Com ele veio o maestro mais animado do mundo, com direito a pulinhos, semi-poli-chinelos e jogadinhas frenéticas de cabelo (já reparou que TODOS os maestros têm cabelo compridinho?)
E veio também a melhor violonista que eu vou ver em vida.
Foi um encontro épico. 
A música contava uma história (todas fazem isso, é verdade) e dava pra saber exatamente quando o pessoal estava brigando, triste ou feliz. Com certeza tinha alguma coisa de amor não-correspondido no meio.
Só sei que resolvi seguir a recomendação do meu amigo de fila: sentei no chão e fechei os olhos.
Fez-se o momento épico.
Não tinha nada assim de tãoo especial é verdade, mas já percebi que os momentos épicos são esses menos óbvios e que acontecem quando menos esperamos. 
E deixo aqui dois pedaços de shows que aconteceram no Royal Albert Hall e que com certeza foram épicos pra quem estava por lá.


Obs - esse negócio de ouvir música de olhos fechados, focando o sentimento em só um sentido, é uma dica e tanto. Experimenta!

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O caminho da roça

Minha atual música do coração como trilha sonora!
Já percebi que tenho 3 categorias de posts:
Os auto-ajuda
Os correspondente-em-Londres
Os nada-a-ver


Esse é um mix nada-a-ver com auto-ajuda. 
Let's?
Eu tinha dois objetivos claros quando vim pra cá:
1. Estudar assuntos que eu gosto (no caso moda e maquiagem), pra, quem sabe, talvez, um dia, possivelmente, mudar de profissão.
2. Morar em Londres.
Esses eram os sonhos. E cá estou, morando em Londres e com 2 (dos 3 cursos que vim fazer) concluídos.
Importante: tenho dois momentos de eterna reflexão aqui. Enquanto eu tomo banho (a água daqui é muito estranha, já disse, né?) e na Piccadilly line, a mais chata, cheia e demorada das linhas do metrô. Não lembro bem em qual desses momentos caiu a ficha, mas eu percebi que estar aqui não tem nada a ver com mudar de profissão ou "morar" na cidade. É maior e muito mais especial. 
Estar aqui não tem a ver com ser uma pessoa diferente, melhor ou mais qualificada pra vida, tem a ver com ser você com você mesma. Com você entrar em contato com o mais profundo dos profundos, sabe como?
Não tenho ninguém pra influenciar nenhuma das minhas decisões ou o que eu falo, faço ou deixo de falar, fazer. 
Também não tem na-da a ver com encontrar a independência. Tem a ver com encarar de frente todas as inseguranças e os medos.
E essas descobertas mostram várias auto-belezas e outras inúmeras auto-estranhezas. Vááárias vezes já me peguei pensando: Não Laura, mentiiiiira! / Não acredito, sério! / Você só pode estar de brincadeira!
É muita psicologia pra uma perdida no mundo, mas é assim que eu funciono aqui.
A verdade é que eu mudei a forma que estou encarando essa experiência porque no começo fiquei meio maluca. Fiquei obcecada pelas aulas de moda, era a primeira a chegar, a última a sair e AAA puxa-saco da professora. Tudo isso porque eu achava que era a minha chance (e última chance) de aprender o máximo, pra virar a maior entendedora do hemisfério. 
Ui!
Cá entre nós, mais alguém, além de mim mesma, achava que eu aprenderia uma super novidade em pouco mais de 5 aulas? 
Não, né? 
Ah, tá!

Enfim, decidi que vou ver a vida acontecer. 

Mas nada foi em vão. Pelo contrário. 
Aprendi que a moda dos anos 70 tá em alta. Que nada se cria, tudo se copia. Que a gente jamais deveria jogar fora as roupas da vó / mãe. Roupa muito justa é pijama. Que siiim, usar listras com flores é super up. E que nãooo, ninguém fica bem de vermelho ou legging branca. E que for god's sake, parem de usar meia-arrastão e bota por cima da calça jeans!
Detalhe: não é mais a Laura chata que tá falando (apesar de saber tudo isso antes de aprender em pounds), é a Laura que estudou moda em Londres. 
Viu a diferença? Entendeu o porquê da viagem? : )


Acho que eu me perdi um pouco no contexto, mas é isso aí. 
Pela primeira vez na vida não quero cobrar nada de mim mesma. 
Esse é o objetivo. 
Aprender a ser uma pessoa mais leve (com todas as levezas que ela pode ter) e principalmente: o melhor possível pra mim mesma e o mais feliz comigo mesma.
Updates uptodates:
> Sexta, último dia do curso de maquilage, voltando pra casa no metrô com a minha super maquiagem-pra-ganhar-diploma (e cujo tema era: oi, Rua Augusta sentido centro), dois brasileiros conversam:
   - Se liga, ela é dragqueen.
   - Será? É, quem estaria assim às 6h da tarde.
   - O povo aqui é muito estranho. 
   - Mas olha o pescoço. Não, não é homem.
   Pausa
   - Você tá entendendo tudo o que a gente tá falando, né?
   - E você é menina, né?
E assim acaba, tão precocemente, minha carreira de artista.
> Levei o maior capote na escada do ônibus. Dei de cara no vidro. Tenho a impressão que ganhei um dente quebrado e pelo menos mais duas cicatrizes.
> Aqui eu caio, tenho muita sede e um desejo incontrolável por rabanete e pão-de-queijo.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Berlinize-se

Achei até feio falar que não tenho alegria aqui comigo! Pecado. Ela tá por aqui sim, mas um pouco se perdeu por Berlim. Normal.
Jajá junto tudo de novo!
Musiquinha que me lembra Berlim pra acompanhar : )
Acontece assim: Berlim é minha cidade preferida no mundo, mas eu não sei direito explicar o porquê. 
É uma cidade dificílima de se locomover: todas as placas e informações que você precisa ler são em alemão. Esquece legenda em inglês. 
Com exceção do recepcionista do hotel, pouquíssimas pessoas falam inglês. Esquece o padeiro, o barman, o mocinho do metrô.
Os alemães estão anos-luz de serem simpáticos e fofinhos.
Tirando o purê de batata (que não tem passaporte, afinal), a comida alemã não é das minhas preferidas. At all!
O metrô é meio precário.
As prostitutas usam pochete.
Ponto.
Tudo isso para construir o cenário: sabe-se-lá porque eu amo tanto Berlim.
Na verdade eu acho que tenho motivos racionais e totalmente irracionais pra isso.
Começando pelos racionais, porque, né? Primeiro que lá eu vivi momentos muito especiais que pra sempre vou guardar no meu coração (e que são meus, só meus!). Depois porque caí de amores pela história daquele lugar. É tudo muito muito recente e me dá a sensação de fazer parte. Um exemplo besta, quase uma heresia: em Londres você passeia pela cidade e se encanta com os monumentos e construções de... 1860, 1756. Humm. Longe, muito longe. Mulheres que não podiam usar calça. Longe.
As datas de Berlim são: 1945, 1961 e 1989. Eu tinha 9 anos e lembro do tal do muro.
Fiquei pensando em um outro motivo: apesar dos alemães não serem simpáticos, entrar em restaurantes e lojinhas é praticamente como entrar na casa do dono. Não tem cerimônia, sabe? Não são frescos, não ficam perguntando se queremos ajuda a cada 5 minutos; podemos escolher a mesa que mais nos agrada; podemos mudar o que quisermos nos pratos; podemos levar o número de roupas que bem entendermos para o provador. 
Daí tem os motivos irracionais. Eu sinto uma ligação meio inexplicável por Berlim, algo me diz que eu vivi uma vida passada lá, tenho algum trabalho inacabado, talvez um filho... nunca vou saber.


E eis que esses 4 dias reacenderam a chama da paixão berlinense. Fiz tudo, tu-do igual ao que fiz das outras vezes. Fiquei no mesmo albergue. Comi o mesmo schnitzel, no mesmo restaurante e pasmem... sentei na mesma mesa que da última vez (lembro perfeitamente). Fui pro mesmo tour e reclamei das mesmas horas de caminhada usando Havaianas. Vi o Tacheles e de novo não entendi muito bem pra quê ele serve. Me arrependi pela terceira vez de ir no mesmo museu meio chato e cansativo. Gostei da mesma lojinha que eu já sabia que era cara. Tirei as mesmas fotos do muro. Escorreu um lágrima quando o avião partiu. 
Igual.
Mas daí veio Sachsenhausen pra acabar com a minha rotina e deixar meu coração em frangalhos.
Sachsenhausen é o principal campo de concentração da Alemanha e foi usado por-aquele-que-não-deve-ser-mencionado e pela União Soviética para veraneio dos presos políticos e contra o regime.
Não quero pensar nele, falar dele, não quero ficar lembrando do que eu vi e ouvi (uma tarefa que parece impossível), mas sinto que tudo aquilo tem que valer de alguma coisa. 


Pra chegar lá, além dos 50 minutos de trem, são necessários 20 minutos de caminhada. 
Pensei em reclamar do cansaço, mas parei no "a" do "ai". 


A gente tinha tomado café-da-manhã às 8h e não comemos mais nada até 20h. 
Pensar no estômago vazio pareceu muito injusto.


Fazia um calor insuportável e eu de calça preta e sem a menor possibilidade de um gole d'água. 
Fiquei quietinha, desidratando que só. 


Me senti ridícula por sentir tudo isso, que não é absolutamente nada perto daquela imensidão de tristeza. Me senti zero, uma poieira frente a tudo aquilo. 


Não quero mesmo falar sobre aquele lugar e tudo isso que deixei de fazer é piada perto do que deve ser uma transformação depois dessa experiência.
Estou trabalhando minha cabeça pra repensar o que pode mudar, porque não pode ser em vão.
Não recomendo pra ninguém. E se for, vá preparado.


Updates:
> O caos de Londres não chegou até mim (perto, mas não em mim), mas a cidade tá mais triste, perdeu um pouco do brilho. As noites estão muito gostosas pra um passeio no parque, mas somos proibidos de sair de casa depois das 18h.
> Enquanto eu declarava meu amor por Berlim aqui, me senti meio que traindo Londres. Pode ser que Londres vire líder, assim, igual ao Corinthians <3. Eu aviso se isso acontecer. : )
> Curso de maquiagem = voltar pra casa no busão das 17h de cabelo engranhado, unhas sujas, sacolas de supermercado, havaianas no pé, mas super, super produzida no glamour.
> Ah! E eu tô amaaaaando o curso! Amanhã já é o último dia, mas quero achar outro de maquiagem pra fazer. Não acho que vou seguir a profissão de maquiadora, mas quero poder maquiar todo mundo sempre, porque é mesmo muito divertido. Meninas, preparem-se! 
Aqui vai uma foto da última aula pra aprovação (ou não). Aproveito pra apresentar a Anne, minha partner do curso e também uma das pessoas mais fofas que conheci por aqui!
(abstraindo a unha, faz-o-favor)

domingo, 7 de agosto de 2011

.



Acabei de voltar de Berlim, a cidade que mais amo no mundo e me sinto sem ânimo, energia ou inspiração.
Tô chata inclusive.
A viagem foi incrível e ainda tive a companhia de um pedaço da minha família comigo, mas Berlim é uma cidade intensa, que consome bastante da gente.
Ontem a gente "visitou" Sachsenhausen, um campo de concentração e hoje "visitamos" uma exposição chamada Topografia do Terror. 
E Berlim em 4 dias é assim, com muita emoção. Não dá tempo de pensar no almoço feliz ou numa passadinha na loja moderninha. É história non-stop, emoções atrás de emoções.
A maioria das coisas que vi nesses dias não me eram novidade, mas passar o dia num campo de concentração, além de novidade, foi uma experiência dura, cruel e que vai ficar pra sempre marcada na minha vida. Espero que um dia (e que seja logo) eu consiga transformar tudo aquilo em algo positivo (tem que valer de algo, né?), mas nesse minuto eu não consigo... 

Aproveitando que eu não tenho a menor vontade de falar alguma coisa, deixo aqui um texto que meu irmão me mandou e que tem muito a dizer.

Volto aqui quando a alegria der as caras : )

Colaboradores

Seguidores