segunda-feira, 31 de outubro de 2011

I heart Londres - parte 2

Faltando 92 horas pra despachar minhas 2 malas e meia pra Guarulhos, decidi terminar a série de 1 post sobre o que mais amo nessa cidade que SIIIIIIIIIMMMM, é agora a minha preferida no mundo.
Musiquinha do Senna, bandeirada e Londres paaaaaassa Berlim : )


Na verdade acho que não tive grandes novidades desde o primeiro post sobre o assunto, mas vamos lá.


- Piqueniques e mais piqueniques com queijo brie, vinho da melhor categoria, azeitonas e pão com manteiga (pra manter o pé no chão)
- O cara que faz beatbox no Broadway Market
- Fazer shhhhh pros amigos enquanto assistimos (torcendo desesperadamente) a eliminação do X-Factor
- Rodízio brasileiro com direito a "One more Picanha, plis"
- As comidas semi-prontas do Super que me fazem achar que eu sei cozinhar
- Ter Bath a 1h30 de distância
- Andar por Bath
- Comer em Bath
- Pegar o onibusinho de turista-loser em Bath
- A Zara de Bath
- As comidas de Bath
- As gramas de Bath
- O céu de Bath
- O jardim patriota de Bath
- Emiliano, o tatuador mais legal de Londres
- Ter um mini-treco toda vez que vir um manicure homem pelas janelas dos salões de beleza
- Assistir We Will Rock You na última fileira pra poder dançar e cantar enquanto a velharada, sentada, bate palma fora do ritmo
- Noodles de Piccadilly
- Noodles de Tottenham Court Road
- Noodles de Shepherd's Bush
- Noodles da High Street Kensington
- Noodles de Bristol
- Os brechós cheirosos do east
- Bulmers
- As mulheres desencanadas que, com o papel alumínio no cabelo enquanto a tinta faz efeito, vão fumar na calçada do salão de beleza
- Macchiato com 8 saquinhos de açúcar
- Cantar músicas brasileiras do verão 1995 pra ver se o frio vai embora
- As árvores ton sur ton do outono londrino
- Ter Stonehenge há 1 hora
- Pôr do sol em Stonehenge
- Respirar o ar de Stonehenge
- Não sentir nada diferente em Stonehenge
- Contar pra todo mundo que a energia de Stonehenge é incrível
- Passar horas arrumando teorias pra o que-diabos é Stonehenge
- Dirigir do lado direito, bater 1 vez o espelhinho e subir só uma vez na calçada
- O ônibus 328
- Alinhar o relógio com o Big Ben
- Descobrir que os gaps do mind the gap só se formam quando a estação é em curva
- Mercado de flores da Columbia Road com rosas azuis
- London Eye a noite com cabine exclusiva pros amigos 
- Pagar 1 pound pra ouvir música boa
- Pagar nada pra ouvir música ruim, mas se divertir horrores
- Jóias da coroa na Torre de Londres, com direito a passar mal com o maior diamante do mundo
- Atravessar a Abbey Road sem ser atropelada
- Amar a água de Londres que tanto bem fez pro meu cabelo
- Ser vizinha do Freddie e deixar, todo dia, uma mensagem de amor ou um desenho dele de bigodinho na calçada em frente ao Garden Lodge
- Voltar pro Brasil antes que o frio comece a cortar a alma


... é frustrante, porque nada na-da do que eu escrever aqui (aliás, nada do que eu escrevi no blog) vai ser suficiente pra descrever o que eu sinto por essa cidade.


Um obrigada especial ao Raul que me ajudou a escrever esse post e, tirando a parte mais menininha da história, também divide alguns desses amores por Londres.
Brigada, Zé.

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

A meditação da gentileza

Eu podia ficar horas aqui contando da tristeza que eu tô sentindo esses dias. De como vai ser (e já tá sendo) difícil ir embora daqui e, de certa forma, deixar tanta coisa incrível pra trás.
Mas sei lá, não tem porquê dividir isso. Talvez eu vomite tudo no derradeiro post (que aliás, só de pensar, eu choro).
Hoje foi minha última aula do curso de budismo e, apesar de eu não ter meditado porcaria-nenhuma, foi um dos dias mais especiais que vivi aqui. 
Conversei com meu professor sobre essa dificuldade de passar pra frente o que eu aprendi no curso e ele disse que eu nem deveria tentar. Que o budismo tem a ver com nossa própria experiência, não existe regra ou cartilha. É pegar os ensinamentos do gordinho simpático e interpretá-los da sua maneira (e pra ser muito sincera, tem muita coisa - muita mesmo - que eu não entendi ainda).
Enfim, aqui vai a última tentativa de explicar porque tudo isso mudou minha vida de um jeito lindo-de-se-ver.
Hoje aprendemos a Kindly Awareness Meditation.
Ela começa com tudo aquilo que eu já ensinei pra vocês (ahahahaha, sempre quis escrever isso) - vai sentindo atrás do olho, o cucuruto, o peito, a perna cheia de formigação e etc. Daí, já em estado de concentração (ou fingindo concentração no meu caso), começa a Kindly Awareness Meditation pra valer. São 5 estágios.
O primeiro estágio é você com você mesmo: estar consciente do seu estado de ser-humano, da sua conexão com a Terra (que, depois de uns 40 minutos sentado, já é bastante dolorida) das sensações da respiração (pode parecer imbecil, mas é bem legal prestar atenção no caminho do arzinho), de como se sentir feliz no aqui e agora.


O segundo estágio é entre você e um amigo querido: trazer o amigo para a prática, imaginando ele respirando (tanta coisa legal pra fazer com o amigo... mas é isso mesmo, respira) enquanto o visualiza na sua experiência de felicidade.
Enquanto pensa nessa pessoa, desejar que ele(a) esteja feliz, bem, livre de sofrimento e que tenha encontrado a paz. 


O terceiro estágio é entre você e um desconhecido (alguém por quem você não tenha sentimentos/conexões, mas que já tenha visto na vida). Nessa fase a gente tem que notar os tipos de sensações que aparecem, mesmo que for indiferença. Prestar atenção se fazemos algum tipo de pré-julgamento. E, assim como com o amigo, desejar que ele(a) esteja feliz, bem, livre de sofrimento e que tenha encontrado a paz.
E foi aqui que perdi a pouca concentração que me tinha sobrado. Foi difícil pensar em um desconhecido, mas a primeira pessoa que me veio na cabeça foi uma velhinha que conheci numa estação de trem na França (se não me engano) em 2009. Lembro que ela estava com uma baita ferida na perna e eu perguntei se ela precisava de ajuda. Acho que ela ficou feliz com a minha preocupação tão rara entre europeus e começou a me contar que o marido dela tinha ido pra guerra, que ela tinha perdido um monte de coisa e um monte de gente. Não sei exatamente porquê, mas eu nunca esqueci dela. Daí entrei na depressão (que mais tarde vim a entender que essa é sim uma experiência budista) de pensar no tanto de gente que conheci aqui e que com certeza eu nunca mais vou ver na vida. Do quanto eu não devo ter dado a devida atenção quando tive chance. Do tanto que deixei de conhecer de verdade essas pessoas. Mas, por outro lado, do tanto que elas contribuíram com a minha experiência aqui, cada um do seu jeito. A gente não devia jamais dar pouco caso pra quem, a primeira vista, não tem muito o que dizer. Jamais. Essas trocas são das coisas mais valiosas que temos e podemos viver. Pois sim.


O quarto estágio é entre você e alguém difícil (alguém que você não goste ou esteja tendo problemas): ui, né? Mas ó, se um dia vocês acreditaram no que eu escrevo aqui, acreditem uma última vez: que coisa mais libertadora de se fazer!!! Trazer essa pessoa para sua prática de felicidade, deixando de lado as diferenças é uma sensação sem igual. O negócio não é pedir desculpas ou perdoar, mas pensar quem alimenta o ressentimento e porquê. É um tapa bem dado na cara. Vale a pena reparar se acontece algum reflexo físico, tipo a barriga começa a doer, o ombro encolhe, a mandíbula enrijece. Traz o inimigo pra sua respiração, conectadinhos e deseje que ele(a) esteja feliz, bem, livre de sofrimento e que tenha encontrado a paz.


O último estágio é entre você e os outros 3, todo mundo junto: impossível não dar uma risadinha imaginando o seu encontro com as outras 3 pessoas que, a princípio, não têm absolutamente naaaada a ver umas com as outras... o meu encontro foi bem inusitado, teve até aquelas bolas de discoteca no teto : )
E assim, depois dos 4 devidamente apresentados (prestar atenção que bons sentimentos em comum você tem pelas 4 pessoas), convidar todo o resto do mundo. Abrir o peito e mandar boas vibrações pra todo mundo do mundo inteiro, desejando que eles(as) estejam felizes, bem, livres de sofrimento e que tenham encontrado a paz.
Eu amei essa experiência, mesmo. Me deu vontade de meditar todo dia (cof cof cof, uma vez a cada dois ou três dias, vai?) 


Pra concluir o curso - e, mais do que isso, concluir a minha vida por aqui - conversamos na aula sobre estar acordado para o mundo, mas principalmente para sua própria vida. Daí o Budinha fez mais uma das suas listas de motivos pelos quais estamos "dormindo" na vida e o que fazer para acordarmos, mas... já que eu experimentei uma mini-acordadinha vou abandonar o gordinho simpático e dizer que  nada, absolutamente nada (e isso inclui o fantasma da "idade" e a "chatice" da carreira) é mais importante do que a nossa própria felicidade. Não vou estender nesse assunto, porque não me aguento mais falando de felicidade e sonho por aqui, mas só quem consegue olhar pra dentro e enxergar que tá tudo aqui, só depende da nossa vontade de fazer acontecer... ah, a gente veria muitos mais sorrisos por aí.
E de uma vez por todas, parem de se lamentar por coisas que cabem a nós mesmos mudarmos. 
Chega de empurrar com a barriga e de se contentar com o mais ou menos.
E, pelo amor de Deus, dêem a si mesmo o valor que merecem, acreditem no auto-amor e nunca se esqueçam que o mais divertido do mundo é ser feliz com você mesmo. 


"He who binds to himself a joy 
Does the winged life destroy; 
But he who kisses the joy as it flies 
Lives in eternity's sun rise."
William Blake

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Quem converte...

Continuando a sequência de menina para menina.
Acredite se quiser, mas Londres me ensinou que moda é chato. 
O legal da moda, no fundo no fundo é saber se reinventar. Ninguém precisa dizer que o legal de seguir a moda é ir contra ela e criar seu próprio olhar em cima do que dizem tendência, né? Qual é a graça de sair na rua parecida com todo mundo?
Pega o que dizem tendência, olha no espelho (passo importante e que muita muita gente pula) e vê como usá-la criando sua própria moda. Essa é uma das lições mais importantes que aprendi por aqui.


A parte do "façam o que eu digo, mas não façam o que eu faço" é que eu acabei comprando mais coisa do que eu queria... não consegui só olhar. Mas a boa notícia disso tudo é que eu me sinto pronta pra um guia de compras em Londres! Uhuuu!


Let's go.




TOP SHOP
Essa é a loja preferida de 10 em cada 10 meninas por aqui. É a loja que dita a tal tendência do mainstream. As roupas são lindas mesmo e não são absurdo de caras. O único problema é que é muito fácil sair de casa e encontrar umas 3 usando a mesma coisa. 
Tem várias lojas espalhadas pela cidade, mas a melhor é também a maior e mais insuportavelmente cheia. Fica na Oxford Street, quase na frente da estação Oxford Circus do metrô. Acho que a loja tem uns 4 andares e uma sessão inteira de maquiagem com produtos da marca. Nunca testei, mas dizem que não são de todo mal. No andar de baixo tem ainda um salão de cabeleireiro! Uau. 


H&M
A rede estadunidense também está em todo canto por aqui. É mais barata que a Top Shop, mas é mais porcaria também. Já reparei que as londrinas mais chique usam sim roupa da H&M, mas sempre com alguma coisa melhorzinha. O tal do high-low. Toda vez que eu usei alguma coisa que comprei lá, eu encontrei alguém igual a mim na rua. É o preço que se paga por comprar roupa mais baratinha e da estação.


COS
Se eu não estou muito maluca, a COS é do mesmo grupo da H&M, com a diferença de ser muito mais cara e de melhor qualidade. É uma loja que me lembra a Osklen, tudo meio básico, mas com cortes diferentex e uns tecidos bacanas. Tem uma em cada esquina também.
RIVER ISLAND
É uma concorrente da H&M, mas menor. Tem que procurar com mais amor, porque tem umas coisas bem cafoninhas. 
É uma opção de roupa baratinha e menos concorrida, ou seja, mais difícil de sair de par com gente desconhecida.


OFFICE
Essa loja de sapatos é, a primeira vista, uó. Mas daí você entra e nunca mais quer sair de lá. A especialidade da loja é se inspirar (leia-se copiar) em marcas famosas e criar sapatos com preços amigáveis. 


PRIMARK
Essa é a loja preferiiiida das brasileiras e de todas as sacoleiras do mundo. 
Muito mais que uma loja, é uma verdadeira experiência de compra londrina. Pra vivê-la de uma forma plena, faz assim: no dia anterior faz uma meditação básica e alongamento. Acordou, repete a sequência, café-da-manhã reforçado e uma maracujina na bolsa. O homem acompanhante fica em casa/hotel peloamordedeus. Veste a roupa mais confortável e se joga na Primark. 
É a loja mais lotada que eu já vi, tipo 25 de março no 23 de dezembro. Filas e mais filas nos provadores. Filas e mais filas nos caixas. Já vi duas mulheres quase se estapeando pela calcinha mais feia da Terra.
A loja é assim, tão requisitada, porque é muito muito muito barata e as roupas são bonitinhas. Óbvio que tem que garimpar muuuito e que a qualidade tá longe de ser boa, mas eu, por exemplo, comprei uma jaqueta quero-ser-de-couro por 18 pounds. Pisk pisk! Vale a pena.
Evitar finais de semana e focar na loja da Oxford Street.
Ahh! Dica preciosa que eu aprendi com a Jubiss: dê sempre uma passadinha na sessão masculina, as vezes tem coisas muito bacanas e que servem muito!
 SELFRIDGES
É, sem dúvidas, a melhor loja de departamentos daqui, mas é tudo um absurdo de caro. Vale a pena dar uma volta pra ver o que tá rolando no mundo dos ricos e famosos e pra comprar maquiagem. Lá tem todas as lojinhas de marcas mais famosas.
Esquece Harrods!! Na Harrods só tem árabe e brasileiro. A diferença é que os árabes têm dinheiro e vão lá pra comprar. Os brasileiros eu ainda não entendi.


MAC PRO
Foi muito difícil achar uma MAC Pro aqui em Londres, mas a que eu achei é muito legal. Fica em uma das partes mais legais da cidade (mais sobre ela logo abaixo) e tem todos os produtos Pro que a gente não acha em nenhuma outra loja. 
Fica no Soho: 28 Fouberts Place.




CARNABY STREET
Essa rua fica bem no meio do Soho, pertinho da Regent Street e da Oxford Street, as mais capitalistas da cidade. É nessa rua que ficam as lojas de novos designers e onde é possível encontrar umas coisas mais diferentex. 
Lá nas redondezas têm vários restaurantes e cafés gostosíssimos!


DOVER STREET MARKET
É o braço Comme des Garçons inglês. 
Tudo lindo, moderno, chique, incrível, o máximo, quero-tudo, mas impossível de comprar. Fui uma vez e desde então evito ficar deprimida. 
BRECHÓS
Tem um a cada esquina, de verdade. Pra quem gosta e não tem rinite, tem que entrar e procurar a valer. Os mais legais que vi até hoje estão em Brick Lane, Angel e nos arredores da Carnaby Street. 
Daí descobri que, de tempos em tempos, acontecem umas feiras vintage espalhadas pela cidade. Não consegui me programar pra ir em nenhuma, mas dizem que vale a pena. Tem essa, essa, essa, essa e essa
E tem aqui um post no blog da Julia Petit com mais algumas dicas. 


SPITAFIELDS
Já falei dele várias vezes por aqui e é meu mercado preferido. É onde tem roupas mais diferentes e por um preço bem honesto. Só funciona de domingo.


LOJINHAS NO EAST
Minha professora de moda me deu um guia de compras do East, com dicas de lojinhas menores e mais fora do ciruito-fashion. Tem muita coisa e são lugares muito específicos, mas se alguém quiser, me manda e-mail e eu encaminho : )


DICAS GENERAIS
> Estudantes têm 10% de desconto em praticamente todas as lojas daqui. Traz a carteirinha.  ; )
> Aqui a gente pode se arrepender, minha gente!! Quem nunca, né? Qualquer coisa que você comprar (tirando calcinha/cueca) dá pra devolver e pedir reembolso. Dá pra trocar por outra coisa, mas dá também pra pedir seu dinheiro de volta. Só tem que manter a etiqueta e guardar a nota. Lindo, né?
> Muitas das lojas acima têm ótimas promoções que só acontecem no mundo digital. Vale a pena dar uma pesquisada nos respectivos sites e, se achar alguma coisa, comprar e mandar entregar no hotel.
> Tax Free. Se os vendedores que você encontrar pela frente não acharem, como já me perguntaram, que o Brasil se juntou a União Européia em 2008, nós, não-residentes da Europa, temos direito a recebermos as taxas pagas de volta. É só pedir a Tax Free em todas as lojas e guardar os papeizinhos. No dia de voltar pro Brasil, no aeroporto, tem uma burocracia meio chata... parece que, além de entregar todos os papéis, tem que mostrar tudo o que comprou, pra daí sim, receber o dinheiro de volta. 


God save our credit cards!

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Liverpool - um desses relatos chatos que valem a pena

A gente só entende alguns momentos da vida quando olhamos pra trás, certo? 
Certo. É, né?
Tenho feito bastante esse exercício por aqui e várias coisas começaram a fazer sentido!
Cortina vermelha e um novo mundo se abre. Páá!
 Oi, eu sou o Mario, e como eu adoro fazer adendos (e a Laura  teve a idéia da gente fazer um post conjunto), resolvi fazer adendos no post dela. Leiam como se estivéssemos conversando num boteco com você! ;)

 
Ter ido pra Liverpool no final de semana passado foi mais uma dessas provas. Entendi porque, há uns 20 anos atrás, eu era obrigada a ouvir Beatles entre uma ou outra faixa do disco do New Kids on the Block (e talvez umas 5 músicas do Beatles entre as faixas do disco do Polegar). Obrigada, mãe.
Aliás, ela me contou que quando o John foi assassinado eu tava quase pra nascer e a maior tristeza dela era que provavelmente eu não conheceria os Beatles.
Pois lá fui eu e o Mário pra Liverpool confabulando sobre como nossos pais nos influenciaram musicalmente e desejando, a cada esquina, que eles estivessem lá com a gente. O pai do Mário decididamente estava, porque saiu em todas as nossas fotos. O sonho do meu pai era ter um filho que gostasse de futebol, pescaria e Beatles. Futebol eu tentei bravamente até resolver, aos 14, que eu não precisava mais fingir que gostava; pescaria eu até curto, mas quando já tô na beira do rio (o duro é me levar pra lá); pelo menos de Beatles eu gosto com força! 
 Eu decididamente sou irmã do meu irmão e isso me faz ser uma total anti-gringomaníaca (gringomaníaca: diz-se daqueles que amam qualquer coisa que seja ou aconteça fora do Brasil). E isso também me faz ter maior preconceito de pessoas que fazem, por exemplo, o tour da casa dos famosos por Beverly Hills. 
Vai já pro canto pensar, caso você tenha feito. Peço nem autógrafo pra famoso na rua (mas também, nunca encontrei a Mery Streep, a Regina Casé ou a Xuxa – ah, me deixa).
No começo fiquei pensando se não era um pouco isso que a gente tava indo fazer em Liverpool. 70 pounds pra ver a casa de um e a escola do outro vale um casaco lindo na Top Shop. Mas daí lembrei do que eu senti vendo o show do Paul com a minha mãe e cheguei à conclusão que o inverno do Brasil não é frio o suficiente pra valer o dinheiro daquele casaco... : )

Enfim, começamos nossa visita no museu dos Beatles, que mais do que mostrar a primeira guitarra do George (arrepio) ou o piano do John e a certidão de casamento dele com a Yoko (ou estátuas deles de cêra que, além do susto, fariam Madame Tussauds se arrepender de ter dado essa idéia pra humanidade – mais do que o filme com a Paris Hilton), contava a história do quarteto desde a época que o baterista era bonitinho. Fiquei de cara quando soube que eles duraram só 8 anos!!! Não tinha idéia.
De lá, já noite, fomos andando até o Cavern Quarter, a região dedicada à vida noturna e onde também fica o Cavern Club, o lugar que os Beatles tocaram 292 vezes. 
O frio cortava a alma e nossos pezinhos já não aguentavam mais tanto iêiêiê. Decidimos ficar lá pelo Cavern e pagar de turista com orgulho. 
 O Cavern é realmente uma caverna. Fica a uns 4 lances de escada pra baixo do chão. Um calor. Mas um calor de passar mal. Ficamos imaginando como deveria ser aquile lugar com um showzinho básico dos Beatles (no museu aprendemos que as pessoas passavam muito mal lá não só pela falta de ventilação, mas porque era um absurdo de fedido (a Laura é menina, mas eu posso falar: eles disseram que o odor característico era uma mistura de desinfetante, cachorro-quente, banheiro, fumaça de cigarro e suor – porque, além de peidar na balada, inglês não é láááá muito chegado num proper banho)… além dos ratinhos que adoravam passear pelos pezinhos das pessoas). Calor de matar + cansaço de cair + emoção de amor = vamos tomar uma pint pra cada Beatle? Ahh, porque não, né? 
E foi assim, depois do “Cheers, George” e “Cheers, Paul” que tomamos coragem e decidimos participar do karaoke - subimos no palco famoso e cantamos com uma banda ao vivo uma música dos Beatles (tenho que confessar que saber que o Freddie Mercury também já cantou lá em cima me deixou confusa no sentimento). Foi mais um desses momentos que vai ser pecado se esquecer. Eu, Mario, Paul, John, Freddie… todos nós temos algo em comum agora! ihihi
Eu preciso fazer um adendo pessoal aqui pra dizer que subimos no palco por culpa de uma brasileira fofíssima de Natal-RN que cantou antes “Oh, Darling” lindamente, vibrou com a nossa torcida tupiniquim e nos incentivou a essa presepada que, graças a Deus, a Laura nos fez fazer. Adendo porque, pra mim, depois da fobia social com a qual eu cheguei aqui, me apegando em bem poucos amigos e não me dando muita chance (confesso), fazer turma com gente incrível – incluo aqui uma australiana de descendência chinesa que passou o domingo todinho com a gente - mesmo sabendo que é passageiro, foi um lance muito libertador pra mim, mas isso é assunto de outro post (adendos podem ser confusos).
Domingo foi o dia de fazer o tal tour dos 4 famosos e conhecer as casas da infância, Strawberry Fields, Penny Lane, a igreja onde o Paul foi apresentado ao John, escolas e etc. 
 Eu tenho dificuldade de fechar os olhos e me deixar levar pela abstração enquanto tento imaginar como seria há vários anos atrás (essa minha dificuldade de abstração é um dos motivos que me faz não super-curtir museus). Mas daí o agitador da caravana colocou Penny Lane e foi nos mostrando todos os lugares mencionados na música – a barber, o shelter in the middle of a roundabout… foi tão real que quase me senti lá, dando a mão pro Paul e descendo a Penny Lane em direção a escola. Uma coisa.
Terminamos o dia com um “Cheers, John” e “Cheers Ringo”, umas 3 camisetas dos Beatles cada um (porque esse sentimento Disney bate forte na gente), muito amor por esses mocinhos e tendo a certeza que não poderia ter ido melhor e mais engraçadamente acompanhada. Soumi, brigada!
Quando eu fiz 6 meses de Londres, eu escrevi um texto pros meus amigos agradecendo por todo o apoio e fiz questão de nomear os que de fato “escreveram no meu blog de viagem” hehe! E para Laura eu escrevi: “Por propôr as coisas mais non-sense, imbecis e engraçadas na certeza que eu vou topar... E eu topo! E por ser minha companheira de coxinha, guaraná e churros.”
Do jeito mais simples possível, isso resume muito do que é a nossa vida aqui. E foi com esse mesmo espírito que a gente foi atrás de referências da geração que a gente admira (e a nossa talvez seja a última a reconhecer e ter apego por ese pedaço tão foda da história), se deparou com uma cidade linda e charmosa, cantou na rua (para variar) e, do meu lado, senti de fato que o UK botou seu carimbo em mim. Eu que agradeço, Soulmi!

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Me, Myself & I




De menina para menina.
Eu nunca tive paciência pra cuidar de mim mesma e também acho que nunca fui minha própria prioridade no tempo livre.
Por outro lado, eu sempre tive uma caidinha por salões de beleza. Acho o máximo ser conhecida no salão de beleza, ser chamada pelo nome. Amo o cheiro de cabeleireiro, amo aquele tumultinho de secadores, mas não tenho paciência pras pessoas que lá frequentam. 
No meu salão do bairro, todo mundo sabe da minha vida, sabe quando eu tô feliz, triste ou de saco na lua. Eu e a Van, minha manicure do coração, temos nossas piadas internas, nossos códigos e os assuntos que são só nossos. 
Sem falar nas meninas da drenagem que me davam bronca quando eu aparecia com uma roupa não-combinando. 
Tem a dermatologista também que as vezes diz: mas de novo você por aqui? Já te disse pra voltar só ano que vem.


Aaaah, que saudades!

Isso não me faz uma freak do espelho ou uma addicted a Lancôme, mas prefiro que os outros façam por mim o que eu mesma deveria fazer.
Daí eu mudei de continente.
Nesse continente se paga 70 reais pra fazer a unha da mão e a maioria das manicures é do sexo masculino (sim!).
No mesmo continente, não se faz meia-perna por menos de 50 reais.
Continente esse que promoveu meu encontro com a professora de maquiagem alucinada pelo não-photoshop e pelo “come on, girls! Maquiagem é all about real beauty, não tem a ver com criar uma falsa”.
E é aqui, no outro continente, que dá dó de ver as meninas laranjas de tanto bronze artificial e com maquiagem escorrida as 9h da manhã.

Tudo isso criou um monstro aqui dentro e eu dei uma desandada.
Uma desandada do bem, eu acho.
Tive que aprender a fazer tudo sozinha, do zero. E isso inclui desde a pesquisa pelo melhor esmalte, até pelo produto que tire, for god sake, esse resto de cera maldito que fica na pele. Eu gastei dinheiro a toa, errei um monte. Tomei banho por 1 mês com sabão de lavar roupa, achando que era sabonete (problema "água" parcialmente explicado). Comprei um esmalte cuja tecnologia inclui uma cor dentro do pote, mas que vira amarelo-horrível quando em contato com a unha. Comprei creme anti-coceira achando que era só-creme. Descobri que hand quer dizer mão e não rosto (ihihih), ou seja, o creme de laranja não pega bem no modo facial.
Admito que tenho me divertido horrores com essas descobertas da auto-beleza.
Desencanei de tentar pintar a mão direita com a mão esquerda e descobri que minha unha fica uma fofura sem esmalte nenhum - dica: ou esmalte colorido ou nada, porque esmalte incolor é muito sem glamour. Abandonei de vez o secador e meu cabelo virou londrino-esculhambado. Descobri também que apesar da idade ter chegado, fazer auto-depilação é um ótimo exercício de alongamento e teste de elasticidade.
Eu também tenho tentado a auto-drenagem, mas não quero falar dela. 
E assim a gente segue se apresentando para o próprio corpo, como meu professor de budismo pediu. Esse é um dos princípios básicos de toda e qualquer prática.


clap clap clap clap pra quem já fazia tudo sozinha e pra todas que vão tentar pelo menos uma vez!

domingo, 16 de outubro de 2011

Virando

Minha temporada londrina tá nos últimos suspiros e agora me sinto preparada pra dizer que...
...
...
...
...
...
eu dei uma bela viajada.
Lembro da minha resposta padrão pra quem me perguntava o que eu vinha fazer aqui. Era assim: ah, vou estudar e quem sabe encontrar alguma coisa que eu goste de fazer.
Fuuuuéééééé
A últimaaaaaa coisa que eu fiz aqui foi encontrar seja lá o que eu estivesse procurando.
Fiquei mais confusa com o assunto profissão e devo confessar que andei me auto-perdendo por aqui.
No quesito profissão, ainda não consigo ligar o que estudei aqui com uma possível carreira nacional. Eu amei meus cursos, amei! Mas ainda não consigo conectar os pontos e nem vou fazer isso estando aqui. Esse assunto virou secundário no terceiro turno.
Daí teve a auto-perdição, que foi a melhor parte de todas. E a auto-perdição pode ser dividida em duas partes (sou uma quase budista que adora fazer listas!):
1. A auto-perdição física.
Impressionante como eu adoro me perder e me sentir perdida por aqui. Já contei que meu passeio preferido é pegar ônibus desconhecido e ver onde vai chegar, né? Foi nessas viagens malucas que eu descobri alguns dos meus lugares favoritos em Londres. Foi também nessa bagunça que eu consegui me sentir mais parte da cidade e viver a rotina londrina, porque cá entre nós, o Big Ben cheio de sãopaulinos não ajuda (aqui tem muito sãopaulino, que praga!). 
Odeio mapa. Não sei ler mapa e me confundo horrores com as mãos pra onde virar.
2. A auto-perdição do ser-humano.
Acho que eu tô muito velha pra morar fora e voltar no modo selvagem. Do combo "morei em Londres", só vou voltar com uma tatuagem nova e já tá bom demais, porque foi muita dor.
A perdição aqui é mais no sentido de viver dias que me são muitoo diferentes, que nunca tinha vivido antes. 
Tá, tem a questão geográfica que, obviamente, me obriga a viver de um jeito diferente, mas a grande mudança é que aqui eu sou desempregada e, believe, isso faz muita diferença na vida. 
Eu sou uma dessas trabalhadoras do meu Brasil que ajudou e muito (super muito) o país a ir pra frente e, desde que eu cheguei aqui, me sinto meio incomodada por não estar fazendo minha parte. 
Eu tenho a alma proletária, fato. Não nasci pra ser madame. Não consegui, durante esse tempo todo, me sentir confortável com a minha posição de bon vivant. Cometi, algumas vezes, o pecado de achar que estava desperdiçando dinheiro e tempo. 
Corta. Todos xingam e me partem a cara virtualmente.
Ah, não tem como fugir! Eu me cobro horrores e sinto falta de uns well done, Laura. ihih
Mas, daí um belo dia você tá andando-meditando (minhas caminhadas nunca mais foram as mesmas) e é atingido pelo famoso Ponto da Virada
A luz.
O nirvana.
O encontro entre os astros.
O choque.
O tapa. Na cara.


Aquele momento que você percebe que tá tudo errado! Que a energia desperdiçada até então podia ter sido usada na busca por dias mais leves e felizes. 
Eu virei.
Não sei quando e como, mas ôôô se virei. 
Sabe-se lá quando eu vou poder parar 4 meses pra me dar o direito (me-re-ci-do) de acordar meio-dia na segunda-feira com o único compromisso de aproveitar o dia. 
Carpe diem sem moderação. 24 horas por dia. 7 dias por semana.
A teoria do Ponto da Virada conta ainda sobre como nasce uma epidemia (no resumão do cursinho): algo que antes era conhecido, mas sofre uma mudança drástica, resultando assim em uma grande reação em cadeia. 
Aplicando pro dia-a-dia: F&%?#@*! Vou voltar pro Brasil conhecendo o lado bom da vida, com a alma bastante preparada pra virar madame. 
E tudo isso porque eu aprendi que encontrar qualquer coisa, inclusive a gente mesmo, é muito chaaaato! A graça tá em procurar, sempre mais, sempre de um jeito diferente. 
E sem medo de não encontrar. 
A gente acha, sempre acha.
Qualquer coisa apela pros 3 pulinhos! : )

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Verdadeiramente verdade

E hoje, amigos, vamos aprender a walking meditation. 
Aiii lord - pensei. 
Como se não bastasse minha não-meditação e minhas dores terríveis enquanto sentada, a gente vai andar e cantar ommmm ao mesmo tempo? 
Comecei a me arrepender de ter faltado na semana passada, quando, provavelmente, eles aprenderam a engatinhar meditando pra daí sim chegar hoje na avançada posição de pé.
Como meditar de pé E andando, se a meditação é uma questão de concentração?
Me perdi no raciocínio, mas decidi tentar uma vez mais.
Lá fomos nós na nossa super caminhada-meditatória na sala de 5x5 metros quadrados. 
Mais do que meditação essa é uma prática de mindfulness. 
Também me pergunto, mesmo depois de 3 horas de aula, o que seria mindfulness. A conclusão que eu cheguei é que mindfulness (que inclusive é uma das bases do budismo) é a capacidade de estarmos atentos a nós mesmos. Aquela história de "sinta os olhos / sinta a umidade dos olhos / sinta atrás dos olhos" é uma forma de exercer o mindfulness. 
O mindfulness tem sua base em 4 fundamentos: o corpo, o sentido, o pensamento e um quarto que eu não tenho a menoooor idéia do que seja (quando eu entender melhor eu conto). De qualquer forma, pra gente conseguir estar em um estado de mindfulness, a gente precisa passar pela atenção ao corpo, aos sentidos e aos pensamentos que aparecem durante a meditação.
Começamos andando só percebendo o movimento do corpo no sentido mais literal mesmo - tipo os músculos se mexendo. Daí passamos para os sentidos - as cores, o cheiro, a textura da sala. E por último prestamos atenção nos pensamentos que apareciam. 
E foi assim, nessa bagunça toda, que Clap! Clap! Clap!, eu meditei!
eeeeeeeeeeeeee!
Tô muito feliz! 
Não sei como, mas eu terminei a andança de 40 minutos muito muito muito leve, com uma felicidade inexplicável e uma dor horrorenda na lombar. 
Tenho qua-se certeza que isso é meditar.
Daí o povo continuou reclamando de como é difícil se livrar de pensamentos que não servem na hora da meditação, de como é complexo esquecer a "vida lá fora" e se concentrar, e o professor (que sigo sem saber o nome) disse uma coisa muito bacana: temos que ser amigos da nossa mente. E amigo que é amigo ouve e tenta ajudar. Assim sendo, quando um pensamento aparece no meio da meditação, temos que procurar ajudá-lo a se resolver e assim deixá-lo ir embora. Poético, né? 
(esses meus posts do curso poderiam muito bem virar aqueles arquivos powerpoint de auto-ajuda com fotos de pôr-do-sol e música cafona, vai??)

E nessas veio a maior lição do dia: budismo é quase sinônimo de verdade. Verdade com nós mesmos, com o que estamos vivendo nesse minuto. E essa é a verdade mais difícil de se alcançar, porque é a mais difícil de fugir ou ignorar, né? Mentir pra nós mesmos é talvez a maior palhaçada do auto-mundo. É covardia. 
Mas por outro lado, sermos verdadeiros com nós mesmos é o melhor e mais fácil caminho pra sermos felizes. Pensa nisso.
Observando:
Eu acho bem bizarro essas palavras soltas dentro de um contexto que parece não ter nada a ver, mas verdade aqui tá fácil: é seguir aquilo que acreditamos do fundo do coração. Ou seja, juntar um pouco da nossa intuição, um pouco de experiências anteriores, um pouco do que nos são valores. É acreditar no que vai nos fazer pessoas melhores.
Daí é só seguir por esse caminho.
Sabe como?

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