domingo, 29 de maio de 2011

Ode ao visto

Dizem as línguas mais transgressoras que para estudar 3 meses na Inglaterra não precisa de visto. Aceitei o desafio, desencanei um pouco do assunto e dediquei todo meu tempo livre a arrumar um teto, porque apesar das pontes de Londres serem lindas, não faz parte dos planos dormir debaixo delas. 
Mas eis que uma carta muda tudo e me faz lembrar que pessoas transgressoras são bonitas de olhar, não de imitar. Dizia a carta: querida aluna, é muito importante que no primeiro dia de aula você traga caderno, lápis, as roupas que você mais gosta (é ou não é a aula mais legal do mundo??) e seu passaporte com o visto. Ah tá. 
Bom, fui atrás do visto.
Pausa.
Eu queria que essa experiência fosse completa, intensa, única e especial na minha vida e por isso decidi fazer tudo sozinha. Não tive a ajuda de nenhuma empresa terceira pra fechar nada a não ser a passagem que, por ser de estudante, precisava de alguém intermediando o processo - a mentora dessa afirmação sou eu mesma. Escolhi ser a única responsável pelo meu próprio sucesso (or not) nessa empreitada - bonito isso.
Até encontrar a burocracia do visto pelo caminho.
E foi assim que eu pedi arrego. Um arrego que me custou caro, bem caro.
Sempre acreditei que despachante é pra gente rica que tem preguiça de cuidar da sua própria vida, ou ainda para aquelas pessoas inseguras que não confiam no próprio taco.
Me vi num misto da segunda opção com uma pitada de irritabilidade. 
Pra quem não sabe, o serviço de visto britânico é tercerizado por uma empresa chamada WorldBridge e o consulado é proibido de dar qualquer informação sobre o assunto. Qualquer. De novo: o consulado é proibido de falar sobre visto. Uhum.
E estamos falando de Inglaterra, né, gente? A rainha não dá a mão pra qualquer um, porque eles dariam informação de graça? Pois sim, 12 pounds por uma resposta. Tem dúvida e ligou pra WorldBridge? Pagou 12 pounds. Eu tava tão perdida e tinha tantas dúvidas, que com certeza minha conta passaria dos 100 pounds (não sei se eles cobram pela chatice de quem liga, mas já fiquei irritada).
Achei tão absurdo cobrar por informação que decidi não ligar e procurar ajuda - se é pra pagar, que seja por alguma coisa maior que uma simples informação e que seja pra um brasileiro (eu tenho essa capacidade de me auto-enganar).
Liguei pro tal despachante e comecei a separar os documentos necessários. São eles:
- comprovante do curso (no meu caso, a escola me mandou uma carta chamada visa letter)
- passaporte original e com validade de no mínimo 6 meses
- passaporte antigo com comprovantes de viagens anteriores
- visto para os EUA (aprendi que visto pros EUA vale mais que boa índole)
- cópia autenticada da carteira de trabalho e do último registro
- cópia da passagem de ida e volta
- cópia autenticada do diploma da faculdade (ou do pedido de diploma pra quem nunca foi buscá-lo, como eu)
- Formulário VAF9 preenchido e assinado (saiba mais aqui)
- comprovante de sustento-financeiro. Não sei o nome certo, mas tem que provar que você tem pelo menos 800 pounds por mês (pelos meses que vai ficar lá) na sua conta. 
- cópia da Declaração de Imposto de Renda.
- 2 fotos no tamanho maior que 3x4


São dois tipos de visto para estudante:
1. student visa: é necessário ter um curso pago de no mínimo 3 meses e uma prova xis do nível de inglês. Esse visto dá o direito de ficar até 11 meses na Inglaterra e pode trabalhar 10 horas semanais.
2. visitor student visa: o curso pago pode ser menor mas, em compensação não pode trabalhar. 
O meu visto tem que ser o segundo, pois apesar de ficar 3 meses, nenhum dos meus cursos dura esse tempo todo.
Com os documentos em mãos, marquei a entrevista no posto do consulado (o prédio oficial fica no Rio).
Daí lembrei que quando fui tirar o visto dos EUA pela primeira vez, me falaram pra ir arrumada.
Arrumada = pessoa que se veste de saia-lápis e terninho ou calça social e camisa.
Não lembro da roupa que usei aquele dia, mas lembro de duas pessoas atrás de mim, na fila, que me disseram ser a segunda tentativa para tirar o visto. Uma delas tava de jeans e Havaianas (rá!). Por via das dúvidas fui até o posto britânico toda enfeitada de legging e camiseta. Just like a queen.
E foi ali, esperando pela minha hora, que eu agradeci a mim mesma por ter escolhido Londres - o menino que estava na minha frente usava calça de pijama, a menina que chegou logo depois de mim vai certeza tentar a vida como sósia da Amy Winehouse e a recepcionista me anunciou como Laura Pausini. 
Diga não à saia-lápis!!
Fiquei um tempão por lá porque o sistema tinha caído, mas a entrevista em si foi rápida. Aliás, de entrevista não tem nada. Eles recolhem os documentos e tiram as digitais. Mandam tudo pro Rio de Janeiro e você paga o sedex pra recebê-los de volta. Pronto. Daí é só esperar uns 10 dias e rezar pra que eles gostem dos seus papéis e em especial do seu visto para o EUA, já que esse pedacinho de adesivo parece ser meio caminho andado.
Quem quiser mais informações, clica aqui e aqui.
Obs - enquanto fui escrevendo esse post, tive certeza que poderia ter pedido o visto sozinha, por isso não vou fazer propaganda do despachante (apesar dele ser bem simpático).

4 comentários:

  1. HAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA! TÁ IMPAGÁVEL!

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  2. Oi Gabi, nãoo!! Tô aqui ainda. Vou só dia 29/6 :)

    Mario, <3!

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  3. cabeção, o visto, não você. até porque se você tivesse ido sem me dar um beijo eu te matava.

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