quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Berlinize-se

Achei até feio falar que não tenho alegria aqui comigo! Pecado. Ela tá por aqui sim, mas um pouco se perdeu por Berlim. Normal.
Jajá junto tudo de novo!
Musiquinha que me lembra Berlim pra acompanhar : )
Acontece assim: Berlim é minha cidade preferida no mundo, mas eu não sei direito explicar o porquê. 
É uma cidade dificílima de se locomover: todas as placas e informações que você precisa ler são em alemão. Esquece legenda em inglês. 
Com exceção do recepcionista do hotel, pouquíssimas pessoas falam inglês. Esquece o padeiro, o barman, o mocinho do metrô.
Os alemães estão anos-luz de serem simpáticos e fofinhos.
Tirando o purê de batata (que não tem passaporte, afinal), a comida alemã não é das minhas preferidas. At all!
O metrô é meio precário.
As prostitutas usam pochete.
Ponto.
Tudo isso para construir o cenário: sabe-se-lá porque eu amo tanto Berlim.
Na verdade eu acho que tenho motivos racionais e totalmente irracionais pra isso.
Começando pelos racionais, porque, né? Primeiro que lá eu vivi momentos muito especiais que pra sempre vou guardar no meu coração (e que são meus, só meus!). Depois porque caí de amores pela história daquele lugar. É tudo muito muito recente e me dá a sensação de fazer parte. Um exemplo besta, quase uma heresia: em Londres você passeia pela cidade e se encanta com os monumentos e construções de... 1860, 1756. Humm. Longe, muito longe. Mulheres que não podiam usar calça. Longe.
As datas de Berlim são: 1945, 1961 e 1989. Eu tinha 9 anos e lembro do tal do muro.
Fiquei pensando em um outro motivo: apesar dos alemães não serem simpáticos, entrar em restaurantes e lojinhas é praticamente como entrar na casa do dono. Não tem cerimônia, sabe? Não são frescos, não ficam perguntando se queremos ajuda a cada 5 minutos; podemos escolher a mesa que mais nos agrada; podemos mudar o que quisermos nos pratos; podemos levar o número de roupas que bem entendermos para o provador. 
Daí tem os motivos irracionais. Eu sinto uma ligação meio inexplicável por Berlim, algo me diz que eu vivi uma vida passada lá, tenho algum trabalho inacabado, talvez um filho... nunca vou saber.


E eis que esses 4 dias reacenderam a chama da paixão berlinense. Fiz tudo, tu-do igual ao que fiz das outras vezes. Fiquei no mesmo albergue. Comi o mesmo schnitzel, no mesmo restaurante e pasmem... sentei na mesma mesa que da última vez (lembro perfeitamente). Fui pro mesmo tour e reclamei das mesmas horas de caminhada usando Havaianas. Vi o Tacheles e de novo não entendi muito bem pra quê ele serve. Me arrependi pela terceira vez de ir no mesmo museu meio chato e cansativo. Gostei da mesma lojinha que eu já sabia que era cara. Tirei as mesmas fotos do muro. Escorreu um lágrima quando o avião partiu. 
Igual.
Mas daí veio Sachsenhausen pra acabar com a minha rotina e deixar meu coração em frangalhos.
Sachsenhausen é o principal campo de concentração da Alemanha e foi usado por-aquele-que-não-deve-ser-mencionado e pela União Soviética para veraneio dos presos políticos e contra o regime.
Não quero pensar nele, falar dele, não quero ficar lembrando do que eu vi e ouvi (uma tarefa que parece impossível), mas sinto que tudo aquilo tem que valer de alguma coisa. 


Pra chegar lá, além dos 50 minutos de trem, são necessários 20 minutos de caminhada. 
Pensei em reclamar do cansaço, mas parei no "a" do "ai". 


A gente tinha tomado café-da-manhã às 8h e não comemos mais nada até 20h. 
Pensar no estômago vazio pareceu muito injusto.


Fazia um calor insuportável e eu de calça preta e sem a menor possibilidade de um gole d'água. 
Fiquei quietinha, desidratando que só. 


Me senti ridícula por sentir tudo isso, que não é absolutamente nada perto daquela imensidão de tristeza. Me senti zero, uma poieira frente a tudo aquilo. 


Não quero mesmo falar sobre aquele lugar e tudo isso que deixei de fazer é piada perto do que deve ser uma transformação depois dessa experiência.
Estou trabalhando minha cabeça pra repensar o que pode mudar, porque não pode ser em vão.
Não recomendo pra ninguém. E se for, vá preparado.


Updates:
> O caos de Londres não chegou até mim (perto, mas não em mim), mas a cidade tá mais triste, perdeu um pouco do brilho. As noites estão muito gostosas pra um passeio no parque, mas somos proibidos de sair de casa depois das 18h.
> Enquanto eu declarava meu amor por Berlim aqui, me senti meio que traindo Londres. Pode ser que Londres vire líder, assim, igual ao Corinthians <3. Eu aviso se isso acontecer. : )
> Curso de maquiagem = voltar pra casa no busão das 17h de cabelo engranhado, unhas sujas, sacolas de supermercado, havaianas no pé, mas super, super produzida no glamour.
> Ah! E eu tô amaaaaando o curso! Amanhã já é o último dia, mas quero achar outro de maquiagem pra fazer. Não acho que vou seguir a profissão de maquiadora, mas quero poder maquiar todo mundo sempre, porque é mesmo muito divertido. Meninas, preparem-se! 
Aqui vai uma foto da última aula pra aprovação (ou não). Aproveito pra apresentar a Anne, minha partner do curso e também uma das pessoas mais fofas que conheci por aqui!
(abstraindo a unha, faz-o-favor)

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