quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Meditando em inglês

Esse post é quase um ao vivo da minha primeira aula de Budismo e Meditação. 
Acabei de voltar de lá e já tenho certeza que não teria melhor grand finale para meus meses em Londres. Foi muito muito encantador.
A aula é dividida em duas partes: primeiro meditação. Pausa pro chá com leite. Daí vem a aula de Budismo.
Seguindo a ordem: a primeira meditação da minha vida.
Vou pensar se consigo resumir essa experiência em uma palavra só, mas a primeira que me vem na cabeça é: longa. A gente meditou por hu-ma ho-ra!!!!!!! Quem, em sã consciência, consegue meditar por 1 hora, sério! 
Minha primeira vez na vida, pôxa! Não existe começar já no nível profissional-espiritual. É simplesmente e humanamente impossível.




Eu até que comecei bem. Meio ansiosa no começo, porque não sabia se ia conseguir, se ia dormir no meio, cair pro lado, se ia ter alguma visão ou algum sinal estranho. Pode ser maluquice, mas meditar dá um medinho. É muito contato com você mesmo e com o nada ao mesmo tempo. 
Sentamos na posição "mais confortável" (que depois de 20 minutos é tudo, menos confortável) e o professor começou a guiar a meditação. 
Parênteses: a voz dele é muito clichê, bem voz de locutor de vídeo auto-ajuda.
Tipo essa:
Você só tem que sentir você mesma, pensei eu. 
Lá foi ele:
primeiro sintam os olhos......
sintam o fundo dos olhos........
o formato dos olhos.....
como eles são úmidos.....
agora as pálpebras................
os cílios se tocando.............
agora sintam a cabeça, o cabelo, a sobrancelha.
Tudo isso em inglês, óbvio.
Minha nota 10 em meditação acabou aí, na sobrancelha. A partir da sobrancelha, comecei a prestar atenção em absolutamente tudo, menos no professor. Quando dei por mim, ele já estava na barriga e eu ainda procurando a sobrancelha...
Dispersei. Desconcentrei. Desmeditei.

Comecei a dar aquelas abridinhas safadas de um olho pra ver que horas eram, porque parecia uma eternidade. Juro.
Daí comecei a pensar no espinafre que ia vencer na geladeira, na roupa que eu não lavei. Devo ter pensado até no que fiz na vida passada de tão desconcentrada. 


Eu estava incomodada, na verdade... e pessoa incomodada é pessoa desconcentrada. E pessoa desconcentrada é pessoa não-meditada. 
Meu incômodo começou na coceira e lembrei da única restrição do professor: não façam barulhinhos pra não incomodar o meditante ao lado. Tudo, absolutamente tuuudo começou a coçar. Todas as partes do meu corpo. 
Daí o incômodo foi pra formigação da perna porque eu, querendo mostrar todos meus dotes de flexibilidade, achei que podia sentar na posição-avançada de Buda assim, no primeiro dia que nos conhecemos. Depois de 1 hora pareceu que a perna colou naquela posição e não descolaria nunca mais.
Daí teve o incômodo da rinite por causa do carpete empoeirado; da tosse que eu não tinha; da barriga que começou a reclamar de fome; e obviamente, do sono pelo tédio.
Soma tudo isso e tenta acalmar a mente. Uhum.


Terminou e eu tava de cara feia. Conseguia sentir os músculos do meu rosto formando uma cara não-amigável. Até que meu colega do lado reclamou da dor nas costas e o professor deu a melhor resposta do mundo, aquela pra deixar minha cara feia no chão: gente, vocês acabaram de vivenciar o Budismo. A vida é cheia de dor, de desconfortos e o Budismo tenta ensinar como passar da melhor forma por tudo isso. 
Pááá. Na cara.


Só sei que nesse minuto tenho dor no corpo inteiro por causa da meditação. Meu ombro tá anestesiado, "peguei" torcicolo e não consigo sentar. ihihih
Intervalo. Chá com leite.
Londres me ensinou a tomar chá e ando viciada em chá de hortelã. Mas chá com leite é de cuspir pro lado. 
Buuut, o que é uma xícara de chá com leite pra quem vai ficar 1 mês sem comer carne, né? Tomei.
Segundo round: o encontro com Buda.
Não é exatamente uma aula, é tipo um bate-papo. 


Prefácio: eu tenho um bloqueio pra entender os homens daqui falando inglês. O bloqueio é ainda maior quando esses homens ultrapassam os 40 anos. Junta: homem, falando inglês, 40+, com um nome budista, se apresentando pros alunos. Não tenho a mais remota noção do nome dele. 


O professor xis contou sobre o curso e já deu uma breve introdução sobre quem foi Buda e o que é o Budismo. 
Aprendemos quais são as cinco faculdades espirituais* do Budismo: Confiança, Energia, Contemplação, Introspecção e Mindfulness (que eu não sei como traduzir). 
Tenho certeza que vou adorar esse curso, mesmo sabendo que vou entender uns 60% dele. 
Não parece muito bacana? Muito necessário, eu diria. 
Tô muito animada! Muito muito! 
Vou tentar escrever toda quarta sobre o que eu aprender na aula, porque parece egoísta deixar tudo isso acabar em mim.


*tô aqui fazendo cara de blasê e fingindo que eu super sei o que são faculdades espirituais. Aliás, isso deve acontecer mais vezes, mas vou fingir que sei tudo o que eu escrever por aqui, combinado? Qualquer coisa: google neles! ; )

Um comentário:

  1. amiga....
    1) amo seu blog
    2) só vc pra se meter nessa... tipo comer, rezar, amar?? rs
    3) foge pra tate e medita em frente a um quadro!!
    4) estou morrendo de saudades.
    beijos,
    Gabi Bottura

    ResponderExcluir

Colaboradores

Seguidores