sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Liverpool - um desses relatos chatos que valem a pena

A gente só entende alguns momentos da vida quando olhamos pra trás, certo? 
Certo. É, né?
Tenho feito bastante esse exercício por aqui e várias coisas começaram a fazer sentido!
Cortina vermelha e um novo mundo se abre. Páá!
 Oi, eu sou o Mario, e como eu adoro fazer adendos (e a Laura  teve a idéia da gente fazer um post conjunto), resolvi fazer adendos no post dela. Leiam como se estivéssemos conversando num boteco com você! ;)

 
Ter ido pra Liverpool no final de semana passado foi mais uma dessas provas. Entendi porque, há uns 20 anos atrás, eu era obrigada a ouvir Beatles entre uma ou outra faixa do disco do New Kids on the Block (e talvez umas 5 músicas do Beatles entre as faixas do disco do Polegar). Obrigada, mãe.
Aliás, ela me contou que quando o John foi assassinado eu tava quase pra nascer e a maior tristeza dela era que provavelmente eu não conheceria os Beatles.
Pois lá fui eu e o Mário pra Liverpool confabulando sobre como nossos pais nos influenciaram musicalmente e desejando, a cada esquina, que eles estivessem lá com a gente. O pai do Mário decididamente estava, porque saiu em todas as nossas fotos. O sonho do meu pai era ter um filho que gostasse de futebol, pescaria e Beatles. Futebol eu tentei bravamente até resolver, aos 14, que eu não precisava mais fingir que gostava; pescaria eu até curto, mas quando já tô na beira do rio (o duro é me levar pra lá); pelo menos de Beatles eu gosto com força! 
 Eu decididamente sou irmã do meu irmão e isso me faz ser uma total anti-gringomaníaca (gringomaníaca: diz-se daqueles que amam qualquer coisa que seja ou aconteça fora do Brasil). E isso também me faz ter maior preconceito de pessoas que fazem, por exemplo, o tour da casa dos famosos por Beverly Hills. 
Vai já pro canto pensar, caso você tenha feito. Peço nem autógrafo pra famoso na rua (mas também, nunca encontrei a Mery Streep, a Regina Casé ou a Xuxa – ah, me deixa).
No começo fiquei pensando se não era um pouco isso que a gente tava indo fazer em Liverpool. 70 pounds pra ver a casa de um e a escola do outro vale um casaco lindo na Top Shop. Mas daí lembrei do que eu senti vendo o show do Paul com a minha mãe e cheguei à conclusão que o inverno do Brasil não é frio o suficiente pra valer o dinheiro daquele casaco... : )

Enfim, começamos nossa visita no museu dos Beatles, que mais do que mostrar a primeira guitarra do George (arrepio) ou o piano do John e a certidão de casamento dele com a Yoko (ou estátuas deles de cêra que, além do susto, fariam Madame Tussauds se arrepender de ter dado essa idéia pra humanidade – mais do que o filme com a Paris Hilton), contava a história do quarteto desde a época que o baterista era bonitinho. Fiquei de cara quando soube que eles duraram só 8 anos!!! Não tinha idéia.
De lá, já noite, fomos andando até o Cavern Quarter, a região dedicada à vida noturna e onde também fica o Cavern Club, o lugar que os Beatles tocaram 292 vezes. 
O frio cortava a alma e nossos pezinhos já não aguentavam mais tanto iêiêiê. Decidimos ficar lá pelo Cavern e pagar de turista com orgulho. 
 O Cavern é realmente uma caverna. Fica a uns 4 lances de escada pra baixo do chão. Um calor. Mas um calor de passar mal. Ficamos imaginando como deveria ser aquile lugar com um showzinho básico dos Beatles (no museu aprendemos que as pessoas passavam muito mal lá não só pela falta de ventilação, mas porque era um absurdo de fedido (a Laura é menina, mas eu posso falar: eles disseram que o odor característico era uma mistura de desinfetante, cachorro-quente, banheiro, fumaça de cigarro e suor – porque, além de peidar na balada, inglês não é láááá muito chegado num proper banho)… além dos ratinhos que adoravam passear pelos pezinhos das pessoas). Calor de matar + cansaço de cair + emoção de amor = vamos tomar uma pint pra cada Beatle? Ahh, porque não, né? 
E foi assim, depois do “Cheers, George” e “Cheers, Paul” que tomamos coragem e decidimos participar do karaoke - subimos no palco famoso e cantamos com uma banda ao vivo uma música dos Beatles (tenho que confessar que saber que o Freddie Mercury também já cantou lá em cima me deixou confusa no sentimento). Foi mais um desses momentos que vai ser pecado se esquecer. Eu, Mario, Paul, John, Freddie… todos nós temos algo em comum agora! ihihi
Eu preciso fazer um adendo pessoal aqui pra dizer que subimos no palco por culpa de uma brasileira fofíssima de Natal-RN que cantou antes “Oh, Darling” lindamente, vibrou com a nossa torcida tupiniquim e nos incentivou a essa presepada que, graças a Deus, a Laura nos fez fazer. Adendo porque, pra mim, depois da fobia social com a qual eu cheguei aqui, me apegando em bem poucos amigos e não me dando muita chance (confesso), fazer turma com gente incrível – incluo aqui uma australiana de descendência chinesa que passou o domingo todinho com a gente - mesmo sabendo que é passageiro, foi um lance muito libertador pra mim, mas isso é assunto de outro post (adendos podem ser confusos).
Domingo foi o dia de fazer o tal tour dos 4 famosos e conhecer as casas da infância, Strawberry Fields, Penny Lane, a igreja onde o Paul foi apresentado ao John, escolas e etc. 
 Eu tenho dificuldade de fechar os olhos e me deixar levar pela abstração enquanto tento imaginar como seria há vários anos atrás (essa minha dificuldade de abstração é um dos motivos que me faz não super-curtir museus). Mas daí o agitador da caravana colocou Penny Lane e foi nos mostrando todos os lugares mencionados na música – a barber, o shelter in the middle of a roundabout… foi tão real que quase me senti lá, dando a mão pro Paul e descendo a Penny Lane em direção a escola. Uma coisa.
Terminamos o dia com um “Cheers, John” e “Cheers Ringo”, umas 3 camisetas dos Beatles cada um (porque esse sentimento Disney bate forte na gente), muito amor por esses mocinhos e tendo a certeza que não poderia ter ido melhor e mais engraçadamente acompanhada. Soumi, brigada!
Quando eu fiz 6 meses de Londres, eu escrevi um texto pros meus amigos agradecendo por todo o apoio e fiz questão de nomear os que de fato “escreveram no meu blog de viagem” hehe! E para Laura eu escrevi: “Por propôr as coisas mais non-sense, imbecis e engraçadas na certeza que eu vou topar... E eu topo! E por ser minha companheira de coxinha, guaraná e churros.”
Do jeito mais simples possível, isso resume muito do que é a nossa vida aqui. E foi com esse mesmo espírito que a gente foi atrás de referências da geração que a gente admira (e a nossa talvez seja a última a reconhecer e ter apego por ese pedaço tão foda da história), se deparou com uma cidade linda e charmosa, cantou na rua (para variar) e, do meu lado, senti de fato que o UK botou seu carimbo em mim. Eu que agradeço, Soulmi!

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