domingo, 16 de outubro de 2011

Virando

Minha temporada londrina tá nos últimos suspiros e agora me sinto preparada pra dizer que...
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eu dei uma bela viajada.
Lembro da minha resposta padrão pra quem me perguntava o que eu vinha fazer aqui. Era assim: ah, vou estudar e quem sabe encontrar alguma coisa que eu goste de fazer.
Fuuuuéééééé
A últimaaaaaa coisa que eu fiz aqui foi encontrar seja lá o que eu estivesse procurando.
Fiquei mais confusa com o assunto profissão e devo confessar que andei me auto-perdendo por aqui.
No quesito profissão, ainda não consigo ligar o que estudei aqui com uma possível carreira nacional. Eu amei meus cursos, amei! Mas ainda não consigo conectar os pontos e nem vou fazer isso estando aqui. Esse assunto virou secundário no terceiro turno.
Daí teve a auto-perdição, que foi a melhor parte de todas. E a auto-perdição pode ser dividida em duas partes (sou uma quase budista que adora fazer listas!):
1. A auto-perdição física.
Impressionante como eu adoro me perder e me sentir perdida por aqui. Já contei que meu passeio preferido é pegar ônibus desconhecido e ver onde vai chegar, né? Foi nessas viagens malucas que eu descobri alguns dos meus lugares favoritos em Londres. Foi também nessa bagunça que eu consegui me sentir mais parte da cidade e viver a rotina londrina, porque cá entre nós, o Big Ben cheio de sãopaulinos não ajuda (aqui tem muito sãopaulino, que praga!). 
Odeio mapa. Não sei ler mapa e me confundo horrores com as mãos pra onde virar.
2. A auto-perdição do ser-humano.
Acho que eu tô muito velha pra morar fora e voltar no modo selvagem. Do combo "morei em Londres", só vou voltar com uma tatuagem nova e já tá bom demais, porque foi muita dor.
A perdição aqui é mais no sentido de viver dias que me são muitoo diferentes, que nunca tinha vivido antes. 
Tá, tem a questão geográfica que, obviamente, me obriga a viver de um jeito diferente, mas a grande mudança é que aqui eu sou desempregada e, believe, isso faz muita diferença na vida. 
Eu sou uma dessas trabalhadoras do meu Brasil que ajudou e muito (super muito) o país a ir pra frente e, desde que eu cheguei aqui, me sinto meio incomodada por não estar fazendo minha parte. 
Eu tenho a alma proletária, fato. Não nasci pra ser madame. Não consegui, durante esse tempo todo, me sentir confortável com a minha posição de bon vivant. Cometi, algumas vezes, o pecado de achar que estava desperdiçando dinheiro e tempo. 
Corta. Todos xingam e me partem a cara virtualmente.
Ah, não tem como fugir! Eu me cobro horrores e sinto falta de uns well done, Laura. ihih
Mas, daí um belo dia você tá andando-meditando (minhas caminhadas nunca mais foram as mesmas) e é atingido pelo famoso Ponto da Virada
A luz.
O nirvana.
O encontro entre os astros.
O choque.
O tapa. Na cara.


Aquele momento que você percebe que tá tudo errado! Que a energia desperdiçada até então podia ter sido usada na busca por dias mais leves e felizes. 
Eu virei.
Não sei quando e como, mas ôôô se virei. 
Sabe-se lá quando eu vou poder parar 4 meses pra me dar o direito (me-re-ci-do) de acordar meio-dia na segunda-feira com o único compromisso de aproveitar o dia. 
Carpe diem sem moderação. 24 horas por dia. 7 dias por semana.
A teoria do Ponto da Virada conta ainda sobre como nasce uma epidemia (no resumão do cursinho): algo que antes era conhecido, mas sofre uma mudança drástica, resultando assim em uma grande reação em cadeia. 
Aplicando pro dia-a-dia: F&%?#@*! Vou voltar pro Brasil conhecendo o lado bom da vida, com a alma bastante preparada pra virar madame. 
E tudo isso porque eu aprendi que encontrar qualquer coisa, inclusive a gente mesmo, é muito chaaaato! A graça tá em procurar, sempre mais, sempre de um jeito diferente. 
E sem medo de não encontrar. 
A gente acha, sempre acha.
Qualquer coisa apela pros 3 pulinhos! : )

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