segunda-feira, 11 de julho de 2011

Glastonbury - Day 1 (e um pouquinho da véspera)


Eu sei… eu to devendo este post faz tempo, né? Desculpa pessoal, mas é que realmente não estou tendo tempo para fazer nada aqui em Londres, porque estou querendo abraçar o mundo de uma vez só e quando começo a escrever, digito duas linhas e durmo...
Agora arrumei um tempo... se é que vou conseguir escrever até o fim!
O Glastonbury foi ... não consigo nem achar palavras pra dizer o quanto foi bom.


Vou tentar ser breve, mas foram cinco dias intensos e cheio de histórias que não sei não... Vamos lá:
Véspera do embarque.
Cheguei em Londres e no dia seguinte, às 5h30 da manha, já tinha que pegar o ônibus para o festival e ainda faltavam coisas que eu precisava levar! Meu Deus que perrengue.
Rodei a Oxford Street inteira atrás de capa de chuva, toalha de microfibra, meia calcas (depois explico a importância delas)...
Cheguei exausta na casa da minha fiel parceira em todo esse final de semana alucinante (Ingrid) e quem disse que eu ia poder dormir? Que nada! Tinha ainda que fazer tudo, tudo e mais tudinho caber numa mochila.
Sei que fomos dormir lá pelas 2h da madrugada morrendo de medo de perder a hora do ônibus, que ao que diz o popular, sairia em horário britânico. Pontualmente às 5h30.
Praticamente nem dormimos. O pânico de perder nossa passagem para a glória era tão grande que chegamos no ponto de partida as 5h!
Dentro do ônibus, estávamos tão ansiosas para chegar lá que não conseguíamos nem dormir. E o tal horário britânico foi para o saco. O ônibus atrasou uma hora pra sair.
E la fomos nós.
O mais lindo era ver as placas indicando Glastonbury 15km... Glastonbury 10k... Glasto... e pára. Engarrafamento de 3 horas. 3 hoooooras pra chegar!!! Nesse meio tempo, o céu foi escurecendo, ficando cinza, negro... e eis que nosso maior medo acontece. O céu desaba em chuva e nós com uma mochila de 50 quilos nas costas, cadeiras, barraca e saco de dormir pra carregar.
A Ingrid estava toda empolgada com seu lindo All Star dizendo: “magina, só coloco as wellies (galochas) mais tarde. Lá na barraca...” Hahaha... doce ilusão.
Quando o motorista abriu a porta no meio de um descampado, numa chuva torrencial e as pessoas foram saindo, ameaçamos ficar no ônibus, mas todos desceram e praticamente fomos expulsas.
Corre colocar a capa de chuva, corre trocar o all star pela wellie, corre meter a barra da calca pra dentro da galocha... ai ai... ser amador é f*da.
E assim começou nossa insana jornada ao encontro da turma que nos aguardava lá.
Eles nos deram o nome da área que eles montaram suas barracas e nós não sabíamos nem pra que lado ir. Fora que pra entrar na fazenda tivemos que andar num mar de mochilas agressivas, todas se debatendo por conta de seus animados carregadores. Mas garanto: só eles estavam animados. Eu e a Ingrid xingamos até a quinta geração do cara que inventou o Glastonbury. Alias, alopramos até a rainha Elizabeth! Como é que os ingleses acham aquilo ali “aaaaawsome”!?!
Enfim, continuamos andando.
Quando finalmente conseguimos chegar onde colocavam a pulseira do festival no nosso braço tudo mudou. Enfim adentramos a fazenda e... LAMA!


Minha nossa. Imagina um rio de lama. Não, melhor, imagina um mar de lama. Maior. Ali era o Oceano da lama! Mas continuamos.. tristes, cansadas, encharcadas, enlameadas e xingando todos os personagens de filmes ingleses, figuras históricas inglesas, políticos ingleses, times de futebol ingleses...
Depois de 1 hora e 30 minutos caminhando na lama, já corcundas, conseguimos encontrar nossa amiga Jenny.
Daí, começa mais um perrengue. Montar a barraca.
Imagina duas pessoas que nunca acamparam, com uma barraca que nunca viram na vida. Éramos nós.
Sacamos os ferros, as lonas, os ganchos e tudo que tinha dentro da sacola e ficamos com cara de origami tentando entender. Jenny, nossa amiga inglesa escolada, dá a dica: “tentem ler as instruções”. Obvio! Como não pensamos nisso antes? Ta bom, vai ser difícil, mas perai, com o manual tudo da certo, vai? Ok. Só que o manual estava em FRANCES! Imaginem qual foi a segunda nação mais xingada por nós duas no festival!?!
Depois de muito nos debatermos, alguns amigos da Jenny viram tamanha ignorância no assunto e nos ajudaram. E lá estava ela, no meio da lama, nosso porto seguro, nosso mar de tranqüilidade. Lar, doce barraca!


Finalmente começa pra nós o Glastonbury 2011!!!
Fomos dar uma volta na lama pra comer e reconhecer o território.
Primeira e triste descoberta: os banheiros. Eram latrinas gigantes suspensas e a céu aberto, com uma vista incrível para todos os dejetos humanos possíveis e impossíveis.
Ficamos o resto do dia na lama, pensando como íamos fazer pra passar cinco dias segurando o xixi. Sem contar o número 2!!! (momento especial de agradecimento a Elaine Elias que me forneceu inúmeros pacotes de Dermacyd Pocket que salvaram nossas vidas)
Naquele resto de tarde, filosofamos muito na lama a respeito do real sentido da palavra diversão para as 250 mil pessoas acampadas ali...
Voltamos para a barraca e o tal “gazebo” estava de pé. Na lama. É tipo uma tenda, uma sala de estar, uma área em comum para a roda de barracas da turma da Jenny. Sentamos (na cadeira, mas com o pé na lama) com os gringos, tomamos uns vinhos, umas brejas, eles tentaram fazer um churrasco que pegou fogo, batemos papo... Mais tarde, a turma já bem mais pra lá do que pra cá, resolve ir na área de atrações mais próxima das nossas barracas. O The Park. Nunca vi mais lama na minha vida. Estava super animado. Tomamos mais uns drinks lá (e eu uns capotes na lama!) e na volta... tandaaaaan. Como achar nossa barraca no meio de 250 mil barracas NO ESCURO? Fora que eram tantas, mas tantas barracas, que os cabos que as prendem na terra (lama) se cruzavam. Queria chorar. Seguimos guerreiras, tropeçando nos cabos, perdidas, caindo por cima das barracas alheias, até que enfim achamos (mais um momento especial de agradecimento, desta vez a Jenny, que fincou no nosso “loteamento” uma bandeira muito alta feita por ela e logo embaixo colocou uma do Brasil). Essa bandeira foi nossa salvação.


Fim do dia. Ufa. Agora era descansar porque o dia foi puxado e amanhã tem mais. Oi? Alguém disse descansar? Ao longo da noite pessoas passavam, falando alto, cantando e, obviamente, caindo por cima da nossa barraca. Boa noite Glasto.
OBS: Não da pra escrever tudo em um post só senão ninguém tem paciência pra ler.
Outra hora escrevo mais. :)
Kivia

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